Por Fernando Brito
Quando você pensa que já viu de tudo, vem a Folha e anuncia
que a chapa de apoio a Jair Bolsonaro em São Paulo pode ser formada pela
performática doutora Janaína Paschoal e pela ex-Veja Joyce Hasselman que,
segundo seu ex-colega Reinaldo Azevedo é pessoa de “uma ignorância assombrosa”.
E, como se não bastasse, o general Hamilton Mourão, que
passou à reserva depois de ter pregado a volta de uma ditadura militar,
filiou-se ao PRTB do folclórico Levy Fidélix, condenado pelo uso indevido da
expressão “aparelho excretor” num debate presidencial de 2014. A ideia é dar
palanque a Bolsonaro no Distrito Federal.
Vamos construindo um cenário de candidaturas que parecem,
com o perdão da rima, caricaturas.
Este é o resultado da destruição dos partidos políticos,
tanto pelo golpismo quando pela judicialização da política que transformou a
histeria moralista em elemento central da vida pública.
Talvez nenhuma vez tenhamos tido, nos processos eleitorais,
um espetáculo tão dantesco de estupidez.
Lembremos de como, há apenas 35 anos, tinhamos os governos
dos principais estados brasileiros e as cadeiras do Senado disputados por
pessoas como Leonel Brizola, Franco Montoro, Tancredo Neves, Pedro Simon e
Alceu Collares, Severo Gomes, Itamar Franco e outros…
Não se culpem as gerações. Culpe-se, sim, o processo – em
geral conduzido pela mídia, mas também fruto das distorções do poder econômico
sobre as disputas eleitorais – de destruição da política como debate e dos
partidos como instrumentos de agregação.
O Brasil é pasto farto, hoje, para aventureiros da pior
espécie.
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