Por Janderson Lacerda
Na era das selfies e redes sociais o que mais se desejou nos
últimos dias foi uma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva preso. Na
realidade, este desejo, quase orgástico, foi idealizado muito antes do desfecho
da operação Lava-Jato sobre o petista. A criação do pixuleco (boneco gigante
com traje de presidiário representando o ex-presidente) por movimentos de
direita já demonstrava isso.
De qualquer maneira, o fato é que nenhuma selfie ou foto de
Lula preso foram tiradas. Os jornalistas da grande mídia esperaram com
perseverança o momento certo para dar o click ideal que garantiria as capas dos
jornais, revistas e sites. No entanto, isso não aconteceu, ao contrário, o
“flash saiu pela culatra” e a mídia hegemônica teve que contentar-se com uma
foto que viralizou nas redes sociais tirada pelo jovem fotógrafo Francisco
Proner Ramos, de 18 anos.
Na imagem, Lula é abraçado por uma multidão que tenta,
desesperadamente, impedi-lo de entregar-se à Polícia Federal.
Lula em uma sacada genial toma para si a narrativa dos
fatos. Se a ideia do surreal processo, quase “kafkiano”, era destruir a imagem
do ex-presidente, o mais popular da história do país, isto não ocorreu!
Lula “viralizou-se” nos braços do povo; e é esta a imagem
que contará a narrativa. Em um momento obscuro do Brasil, o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tornou-se sujeito de sua própria história. Ainda que o seu
Habeas Corpus (em português, Tenhas teu Corpo/corpo livre) tenha sido negado,
Lula da Silva, ironia fina, posou livre no dia de sua prisão. “Nunca antes na
história deste país” um “condenado” foi fotografado nos braços livres do povo.
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