Por Fernando Brito
Se eu pudesse ser lido pelos homens que, amanhã, vão
proferir uma sentença que seria apenas mais uma de tantas com que exercem seu poder
supremo de condenar, não lhes falaria com ódio.
Sentenças podem ser revogadas ou não por juízes, mas quando
são injustas e iníquas, cedo ou tarde serão revogadas pela História.
Diria-lhes que seu poder é imenso, mas fugaz. Daqui a poucas
horas, o perderão e vai lhes restar o remorso de terem castrado a liberdade de
escolha do povo brasileiro, porque não haverá do que se orgulhar quando olharem um povo ressentido, frustrado. Talvez
mesmo desorientado, entregue à sanha selvagem de grupos que são a negação do
Direito e da humanidade.
João, Vítor, Leandro – permitam que lhes chame assim, por
não é com as excelências que falo, mas a três homens mais jovens que eu –
saibam que seus votos condenando Lula não serão
um voto sobre um simples cidadão, mas ao povo brasileiro, de quem será
cassado o direito de fazer ou de tentar fazer rebrotar o que já foi sua
esperança.
Não será diferente do que já se fez, em outro dia 24, com
Getúlio Vargas, por seu alegado “mar de lama”. E bem parecido com o que se fez
a JK, cassado até a morte (ou assassinato?) por “corrupção” nunca provada,
curiosamente por um apartamento, entre outras calúnias.
E vejam, meus caros, de que serviram estas sentenças?
Décadas depois, os mortos sobrevivem e os algozes somem-se na poeira da insignificância
que receberam como louros por terem efetivado a execução de símbolos do desejo
brasileiro de progresso e justiça, ainda que com os defeitos e imperfeições que
aos seres humanos não faltam.
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