Por Fernando Brito
Minha geração, a nascida nos anos 50, cresceu tendo a
ditadura como realidade e Getúlio Vargas como um fantasma, misterioso, cujo
nome era vilipendiado com prazer pela classe média mas sussurrado em silêncio
nos retratos das casas do subúrbio, nos IAPs, avós do Minha Casa, Minha Vida.
Ouvíamos tudo de mal sobre este homem, à direita e à
esquerda. “Mar de Lama” foi a expressão que entrou para a história. Que a
Constituição que promulgara era “a
polaca”, uma referencia à de Josef Piłsudski , o pré-nazista polonês, que no
seu governo roubava por toda parte, que
havia um ambiente de devassidão no poder. Que o “populismo varguista” era o
atraso e que o Brasil do golpe, com seus Roberto Campos e Simonsen nos libertaram da inflação.
Havia, porém, algo contra o qual nada podiam dizer ou fazer
: o 24 de agosto de 1954.
É correto dizer que Getúlio Vargas não se matou, mas que lhe
ofereceram a escolha: a vida ou a honra.
Temos agora outro 24. Não de agosto, mas o de um janeiro
apressado pela ânsia da UDN togada, não fardada, quando Lula será levado à
inquisição do TRF-4.
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