Por Fernando Britto
Geraldo Alckmin deixou de lado a sobriedade com que vinha se
comportando e usou seu discurso para entrar no ‘coro do anti-Lula’, um
grupamento que reúne cobras e lagartos.
Não se sabe ser foi por vontade própria ou se o discurso faz
parte do acordo que costurou para reunir os frangalhos tucanos.
Seja como for, um péssimo começo para quem quer se
apresentar como candidato do “centro” e alternativa ao que chamam de
“polarização” entre Lula e Bolsonaro.
O discurso foi uma barbaridade em matéria de tolices. Falar
que Lula quer “voltar à cena do crime” depois de terem ficado inertes diante do
escândalo das malas de Aécio Neves e quando há dezenas de inquéritos – que não
andam, é verdade – contra todo o alto tucanato, inclusive o próprio governador
paulista – é, como diziam os mais
antigos, como falar em corda em casa de enforcado.
Da mesma forma, se ficar falando que “Lula é o responsável
pela “maior recessão do país”, não vai ser ouvido muito além da Avenida
Paulista e dos Jardins, porque na memória popular o governo Lula é lembrado
justamente pelo contrário.
Tão ocupado estava em criticar Lula que o “Picolé de Chuchu”
esqueceu que o Brasil é governado, há mais de um ano e meio, por Michel Temer e
com seu partido enganchado no Governo.
E é aí que a porca troce o rabo.
Como é que o governador diz que a reforma da Previd~encia é
“a mãe de todas as reformas” e não defende o alinhamento de seu partido a favor
dela? Será porque, entre os tucanos, segundo o lvantamento publicado pelo
Estadão (logo postarei sobre isso) apenas seis tucanos dizem estar decidiso a
dar a ela seu voto?
Como é que alguém pretende se tornar popular se silencia
ante o governo mais rejeitado da história e, ainda, assume o compromisso de
apoiar suas medidas mais impopulares?
O faro político de Alckmin, deste jeito, parece ter se perdido,
embora se lhe conserve o nariz.
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