Por Fernando Brito
Consumidos todos os seus quadros no processo de policialismo
sem limites com que incendiou a classe média para derrubar o governo – incêndio
fartamente abastecido com a lenha de Moro e Força Tarefa – a direita agora
empurra suas fichas no “terror esperança”, tentando vender ao país uma falsa
polarização Lula e Bolsonaro que, ao
contrário dos seus planos, só ajuda o candidato petista.
Age como se fosse descobrir um milagre – eles dormem e
acordam pensando no francês Emmanuel Macron – que surja como grande novidade
eleitoral e os salve de um resultado que, hoje, parece inexorável: a vitória
eleitoral de Lula.Porque não há como falar em eleição “polarizada” quando o
candidato que lidera as pesquisas, tem algo perto do triplo das intenções de votos do segundo
colocado (36% a 13% no Ibope estimulado e 26% a 9% na pesquisa espontânea).
Só que sua primeira tentativa de criar um “bichinho de
estimação” eleitoral, com João Dória, deu chabu. O que era para ser um ursinho
de pelúcia, com seus cashmères macios e seus modos de lorde atirou-se ao papel
de Chuck, o brinquedo assassino, com uma agressividade desmedida, – eu sou o
anti-Lula!! – uma egolatria imensa e uma
incapacidade gerencial e marqueteira que, francamente, ninguém poderia esperar.
Agora, brinca de tirar Luciano Huck do caldeirão da Globo,
com direito até ao aristocrático Merval Pereira escrever artigo dizendo que ele
tem “uma rede de contatos” que o habilita a ser presidente da República. A
turma da “bufunfa” exulta com a possibilidade de ter um completo despreparado
para manusear no Governo, enquanto ele se dedica a brincar com algum “projeto
social”.
Só que esquecem que parte do voto conservador e moderado
deste país fica escandalizado diante da possibilidade de colocar um clown deste
tipo no Governo brasileiro e Huck, além do mais, surgirá como um candidato com
dono, dono tão poderoso quanto antipático: a Globo.
Enquanto o milagroso não vem, agitam o terrorismo da
“polarização Lula-Bolsonaro” que, lentamente, já começa a fazer efeito no
eleitor de classe média. Quem não está hidrófobo, acaba admitindo que é melhor
que seja Lula, com quem o país funcionava.
Quem quiser, faça uma enquete com os assinantes que
receberam a Veja desta semana, com a capa que reproduzo acima: se você indagar
que decisão tomaria entre os dois, garanto que depois do “nenhum dos dois” Lula
venceria com folgas o nome de Bolsonaro. Repito, entre os leitores da Veja!
A direita, com todos os seus cérebros contratados a peso de
ouro, não consegue perceber que Bolsonaro tornou Lula mais palatável a uma
faixa expressiva do eleitorado e fornece, todos os dias, um argumento para
carrear-lhe mais votos: ser ele ou Bolsonaro.
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