Por Fernando Brito
Ainda não estou podendo assistir, na íntegra, o depoimento
de Lula que, como eu disse mais cedo, as várias ilhas de edição e o exército de
profissionais mobilizado pela Globo, está sendo editado criteriosamente e posto
no ar em pedaços.
Um deles é muito interessante: o em que Moro indaga a Lula
se ele teria dito que iria voltar ao governo e mandaria prender os responsáveis
por este processo.
O que isso tem a ver com o fato de a OAS ter ou não dado um
apartamento a ele, que é o objeto do processo?
A pergunta não é de natureza fática, mas opinativa e,
portanto, não tem interesse processual.
Não foi a única vez: também foram feitas perguntas obre o
sítio de Atibaia, que fazem parte de outro processo, e não deste, e Lula
reagiu:
Doutor, deixa eu lhe dizer uma coisa. Se tem alguém que quer
a verdade sobre mim, sou eu mesmo. Quando chegar o processo do sítio em
Atibaia, terei o imenso prazer de estar aqui respondendo a verdade absoluta
sobre aquilo. Agora, acho que é importante resolver o problema do triplex.
Porque o Ministério Público fez uma acusação, eu diria, baseada em denúncia de
imprensa.
Se Lula for candidato, se for eleito, se tomar posse e se,
lá no Planalto tomará qualquer iniciativa para responsabilizar alguém por
alguma coisa, são meras virtualidades. Lula pode dizer o que quiser que não
teria qualquer consequência penal.
Se tiverem, ficará fixado o juízo político e não factual.
Como é ridículo tentar perguntar se Lula sabia dos desvios
de conduta de Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró, Jorge Zelada e Renato Duque
-todos funcionários de carreira da Petrobras – ao nomeá-los. A resposta foi
correta: “nem eu, nem o senhor, Dr Moro, nem o Ministério Público, nem a
Polícia Federal: ficamos sabendo depois do grampo entre Alberto Yousseff e
Paulo Roberto Costa.”
De resto, vou parar de ver a “Força Tarefa da Globo” fazendo
seu libelo acusatório, há mais de uma hora, com trechos selecionados do
depoimento. É preciso assistir todas as cinco horas de depoimento, para não
entrar no jogo de manipulação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário