Por Luis Nassif
Mefistófeles ouviu as queixas do
jornalista. Era o mais talentoso da sua geração e nunca tivera oportunidades no
ambiente burocrático das redações. Era o mais inteligente da escola, mas nunca
tivera a habilidade para ser sociável e reconhecido apenas pelos seus méritos.
Ele queria o poder e Mefistófeles
concedeu. Você será o primeiro, se aceitar comandar as forças das trevas, ser o
arauto do ódio e da intolerância, o chefe dos templários, o espírito de Átila e
a voz dos hunos, o verdugo incumbido de executar os inimigos feridos no campo
de batalha. Em troca eu lhe darei séquitos de bárbaros, legiões de criaturas
das sombras, o comando do mercado da intolerância, que revistas, jornais,
rádios e TVs ambicionam.
E assim foi feito. Mergulhou no
mais profundo do esgoto humano, armou-se da retórica mais tenebrosa, espalhou
ódio, intolerância, executou inimigos e foi compensado. Seu discurso foi
agasalhado pelo segundo maior partido político, a mídia se abriu para o seu
reinado e ele foi transportado para os píncaros do jornalismo de esgoto, como o
porta-voz máximo da intolerância.
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