Por
Emir Sader
Tratam
de colocar os dois, frente a frente, como se fosse um matar ou morrer, um
enfrentamento de dois cow-boys, do que se trata de ver quem saca primeiro, quem
sai vivo e quem morre. Não se trata de nada disso. Cada um representa projetos
para o Brasil, interesses, setores sociais da sociedade muito diferenciados e
contrapostos.
Depois
da imensa mobilização para o dia 3 de maio, Moro, alegando demandas da Poíicia
Federal, amarelou e mudou a ida do Lula a Curitiba para o dia 10. O Moro
piscou. Se deu conta da bomba de tempo que ele mesmo tinha acionado e jogou pra
uma semana depois – por enquanto – a data.
Lula
não é um ser humano, uma pessoa física. É muito mais do que isso. Ele
representa, antes de tudo, a ascensão social e política de um nordestino
marcado para morrer, como tantos dos seus conterrâneos e dos seus próprios
irmãos. Representa um projeto de país que priorizou a luta contra a desigualdade
e que deu certo.
Lula
vai a Curitiba como vítima de perseguição por parte de alguém que representa a
violação da vontade democrática do povo. Lula não encontrará apenas um
indivíduo, um juiz, mas um representante de um projeto, patrocinado pelos EUA e
pelos bancos privados brasileiros, de destruição econômica do Brasil.
Lula
chegará a Curitiba com a força do apoio popular com que conta, do apoio
politico de um projeto que pode fazer o Brasil retomar o crescimento
distribuindo renda. Com a força dos argumentos jurídicos que desqualificaram
todas as formas de perseguição jurídica que se tentou para criminalizar o Lula,
me prova alguma,
Mas
acima de tudo Lula chega a Curitiba com a força moral de uma trajetória de vida
exemplar, que faz com ele possa olhar nos olhos de quem quer que seja, com
altivez, com transparência, com certeza de representar os interesses do povo,
os interesses da democracia e os interesses do Brasil.
São
duas caras, que se contrapõem frontalmente, de um mesmo país. Lula prega o
retorno à democracia como o caminho para o Brasil reencontrar-se consigo mesmo.
É o Brasil que vive do seu trabalho, que paga impostos, que quer
desenvolvimento econômico com distribuição de renda, que reconhece o direito de
todos, que confia na solução democrática dos problemas do país.
Moro
representa a proposta autoritária dos problemas do Brasil. Representa a
judicialização da política, o atropelamento dos mandatos populares por decisões
judiciais arbitrárias e concentradas numa única autoridade. Representa o
autoritarismo de quem pretende apagar a trajetória democrática do país mediante
delações obtidas mediante pressões e recompensas.
O
encontro entre Lula e Moro é o desencontro de dois projetos para o Brasil. Um
veio de longe, está enraizado no país profundo, tem o reconhecimento popular,
se identifica com o povo e com a democracia. O outro, foi fabricado pelo
projeto norteamericano de destruição do Brasil como potência emergente, repousa
na ilusão ditatorial de destruir a democracia mediante decisões unilaterais e
arbitrarias, sem contrapeso.
A
força do Lula é a força do povo, a força da democracia, a força da soberania
popular, a força moral de quem representa ideais de emancipação popular. Por
isso sua superioridade é incomparável, sua liderança é insuperável, sua
presença é a força de um país que manteve sempre a esperança na solidariedade e
no direito de todos.
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