Ich nahm
die Wahrheit mal aufs Korn
Und auch
die Lügenfinten.
Die Lüge
macht sich gut von vorn,
Die
Wahrheit mehr von hinten.
(Certa feita mirei na verdade
e também nos dribles da mentira.
A mentira fica bem de frente;
a verdade, melhor de costas)
Wilhelm Busch (1832-1908)
O “depoimento” de Emílio Odebrecht é nauseabundo. Merece as
aspas, pois mais parece um monólogo em conversa de botequim. A narrativa vem
recheada de suposições e visões pessoais, particulares, miúdas. Confirma os
estereótipos sobre a política nacional como negócio imundo.
Inevitável é a comparação com a ira ensaiada do discurso de
Roberto Jefferson da tribuna da Câmara, que abriu o escândalo do chamado
“mensalão”. A diferença está no estilo. Enquanto o burguesão Odebrecht se dá ao
luxo de olhar com desprezo arrogante para a inhaca em que seu grupo se meteu, o
canastrão Roberto Jefferson deblatera com oratória digna advogado de num júri
de arrabalde.
Já a semelhança está na atitude e no objetivo político.
Ambos não estão “arrependidos”, de suas confissões. Querem criar uma comoção
social para desviar a atenção da gravidade dos seus malfeitos. Para tanto,
fazem bom uso do poder midiático que os atores parlamentares ou judiciais –
igualmente “atores”, no sentido próprio do termo – lhes proporcionam no teatro
farsesco.
É tudo farinha do mesmo saco. Jefferson e Odebrecht são
delinquentes que se gabam da sua “coragem”. Querem passar de gatunos a heróis,
às custas da estabilidade política e econômica do país e com a preciosa ajuda
da mídia comercial. Esta perdoa a gatunagem ao gatuno delator do inimigo
político. Festeja-o como se mocinho fosse, permitindo-lhe posar e esbanjar
deboche e cinismo na cara da platéia idiotizada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário