A direita brasileira, que tanto acusou o PT de tentar
transformar o Brasil numa Venezuela, aparelhando o Estado em defesa de seus
interesses, acaba de fazer o que fingia condenar; ao indicar ao STF como
revisor da Lava Jato seu próprio ministro da Justiça, Michel Temer converteu o
Supremo Tribunal Federal numa corte bolivariana; lá, Alexandre de Moraes terá a
missão de estancar a sangria, blindando políticos do PSDB, seu partido, e do
PMDB, como o próprio Temer, que foi citado 43 vezes apenas na primeira delação
da Odebrecht; curiosamente, Gilmar Mendes, que em 2014 condenava o risco de
bolivarianismo no STF, foi quem articulou a ida do tucano Moraes para a corte;
se há algo de bom na tragédia brasileira, resta apenas o aspecto pedagógico do
golpe, que está nu e exposto como uma articulação de políticos corruptos que se
uniram para se salvar e derrubar uma presidente honesta.
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