Por Fernando Brito
Do blog de Marcelo Auler, indispensável para quem ainda
tenha um mínimo de equilíbrio mental e não trate investigação e julgamento algo
semelhante a um carnaval, retiro o artigo do procurador, professor da UNB e
ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão:
A liturgia do cargo público não é mero exercício de vaidade
e de ego. Ela é um marco do republicanismo, que determina ser o exercício de
função pública uma atividade impessoal. Quem está investido nela não deve a
enxergar como um galardão adquirido em razão de qualidades pessoais, mas
precisamente porque foi chamado a servir ao público. A liturgia lhe serve de
proteção, para qualificar a função e não a si.
Juízes, por exemplo, lidam diariamente com conflitos. Ao
decidirem sobre uma causa, tornam um dos litigantes vencedor e outro perdedor.
Aquilo que pode significar, para o magistrado, apenas um número em sua
estatística de produção mensal, na alma do perdedor pode ser uma catástrofe
pessoal. O que o leva a não ir às vias de fato com aquele que vê como seu
malfeitor? É a aura da liturgia que inspira o respeito necessário a criar uma
barreira de blindagem relativa.
Quando, porém, autoridades se comportam como moleques, como
moleques serão tratadas. Se adotarem discurso e comportamento de botequim, não
poderão se queixar quando começarem a voar garrafas e sopapos.
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