Por Fernando Brito
Não tem sentido chamar Michel Temer de hipócrita.
Não é mais a palavra certa, antes de completar dois meses,
merece outra definição: descarado.
A decisão de retirar a urgência legislativa do pacote de
medidas moralizadoras enviado por Dilma à Câmara – criminalização do caixa dois
de campanha ou de atividades partidárias, alteração do Código Penal para tornar
indisponíveis recursos de origem ilícita e a tipificação de enriquecimento de
servidores públicos sem comprovação da origem do patrimônio como crime – não
merece outro nome.
Sem urgência, os projetos, na prática, morrem, porque ficam
sujeitos a rolar e rolar sem data de decisão pelas comissões da Câmara. Quando
e como chegarão à decisão de plenário, só Deus sabe.
Será que os engravatadinhos do Ministério Público agora
viram quem se dispunha a trabalhar para limpar a crônica corrupção ?
Será que a turma da Avenida Paulista viu nas mãos de quem
entregou o país?
Já viram e mesmo os mais tolos não podem ter deixado de
constatar depois do circo da votação da autorização do processo do impeachment,
sob a batuta do honestíssimo Eduardo Cunha.
É verdade que muitos estão calados e que o que sobrou foram
apenas os núcleos fascistoides.
Mas está evidente que a corrupção era apenas o discurso
fácil.
Mais do que Temer, um oportunista de terceira categoria,
vaidoso, fútil e que acha que a política é a arte da esperteza, são eles que
merecem o nome de hipócritas.
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