Foi há 40 anos, na sexta-feira 14 de maio de 1976, que a
Feira de Santana recebeu a visita do presidente da Republica, Ernesto Geisel,
aqui permanecendo praticamente durante toda a manhã.
Uma semana antes, a jornal Feira Hoje, edição de
sexta-feira, dia 7, já anunciava que
“Chegam hoje a esta cidade os batedores da Companhia de Policia do
Exercito da 6ª Região Militar e do 4º Batalhão do Exército de Recife encarregados de proteger o
presidente”.
Como era ano eleitoral, e a Arena o partido que dava sustentação
ao regime, seus líderes locais trataram de assumir a organização da visita
presidencial, colocando em segundo a autoridade maior da cidade, o prefeito
José Falcão, do MDB.
Tanto assim que na mesma edição do dia 7, o jornal Feira
Hoje informou que no dia anterior, Ângelo Mário Silva, presidente local da
Arena, promoveu ampla reunião no auditório do Hospital Dom Pedro de Alcântara
“para tratar da visita de Geisel”.
Além de dirigentes dos principais órgãos públicos estaduais
existentes na cidade, todos convocados pelo comando partidário, também
compareceram representantes de entidades como Associação Comercial, Centro das
Indústrias e CDL.
O diário feirense cita nominalmente: Arnaldo Saback
(presidente da Associação Comercial), Alfredo Falcão (Centro das Indústrias),
Paulo Pires (Clube de Diretores Lojistas), Wanderley Ribeiro (DNER), Benjamim
Fontes (Derba) Hélio Monteiro (Ciretran), Cleoilda Oliveira (Coordenadoria de
Educação), José Cardoso (Delegado Fiscal), Romeu Sant’Ana (INPS), José Anchieta
Santana (Iapseb) e Jurandyr Fernandes
(Delegado Regional)
Logo em seguida as emissoras de rádio e também os jornais
começaram a divulgar nota das entidades patronais convidando para a “grande
concentração”, mas também anunciando o fechamento do comércio e da indústria
durante a estada do presidente.
O general Ernesto Geisel passou a ser o quarto presidente no
exercício do mandato a visitar Feira de Santana. O primeiro foi Getulio Vargas
durante o Estado Novo, vindo pela ordem Juscelino Kubitschek em 1957 e Castelo
Branco em 1967.
Além de inaugurar a Fábrica de Pneus Tropical, no Núcleo
Piloto do Centro Industrial do Subaé, na Feira/Salvador, anunciou também a
conclusão da duplicação da BR/324 e a implantação da rede de esgotos
sanitários, com discursos na Praça João Pedreira.
Antes das 9 horas o presidente pisou na terra de Senhora
Santana. Chegou de helicóptero com o governador Roberto Santos, alguns
ministros e assessores militares e civis. Antes, vários ministros e outras
autoridades chegaram a esta cidade utilizando a rodovia Feira-Salvador.
Dona Lucy, a primeira-dama e mais a filha Amália Geisel, que
sempre acompanharam o general presidente, cumpriram programa a parte, em
Salvador, ao lado da primeira-dama do Estado, Maria Amélia Santos. O Museu de
Arte Sacra foi um dos pontos visitados.
Após o ato inaugural de Pneus Tropical (que depois virou
Pirelli), o presidente se dirigiu a Praça João Pedreira para falar ao povo
feirense. Antes a multidão ouviu discursos de ministros, entre eles Dirceu
Nogueira, dos Transportes e do governador Roberto Santos.
Vale frisar que o mercado não funcionou. A arrumação para a
feira-livre de sábado em volta do mercado só começou quando terminou a
concentração. O pedido para o seu fechamento foi feito ao prefeito pelo
comandante João Longuinhos, do1ºBPM/FS.
Para os arenistas o melhor momento da fala foi quando o
presidente ergueu o braço de Ângelo Mário e disse que ele seria o candidato seu
e do partido para ganhar as eleições. O gesto, fotografado, foi a principal
peça publicitária da campanha do partido.
Após o ato popular, Geisel voltou a Pneus Tropical onde
almoçou. Na seqüência retornou a Salvador e por volta das 14 horas regressou a
Capital Federal. Alguns membros da comitiva ficaram mais tempo na cidade
discutindo a sucessão do prefeito José Falcão. Entre eles o presidente nacional
da Arena, o senador Francelino Pereira.
O encontro da autoridade maior da cidade, o prefeito José
Falcão da Silva com o presidente da República aconteceu no pequeno palanque
armado no pátio da empresa. No outro palanque, armado na praça, em que pese o
anúncio de obras para a cidade, o prefeito não teve acesso, pois foi usado
também para a largada da campanha eleitoral
da Arena.
Aquela não foi a primeira visita de Ernesto Geisel a Feira
de Santana. Nove anos antes, em 1967 ele aqui esteve acompanhando presidente
Castelo Branco, como Chefe da Casa Militar do primeiro governante do ciclo
militar instalado em 1964. (Adilson Simas)
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