Há duas circunstâncias que levam ao impeachment: a perda
total da base de apoio e a legitimidade do pedido. Nenhuma das duas circunstâncias
está presente no momento.
Aliás, a grande notícia é a de que a presidente – e o país –
livraram-se de um chantagista.
O papel da oposição é complexo. Por mais que a popularidade
da presidente Dilma Roussef esteja em baixa, como justificar a aliança com um
futuro réu condenado – e provavelmente preso – contra uma presidente sem nenhum
respingo da corrupção levantada pela Lava Jato?
Cunha escolheu o pior dia para dar encaminhamento ao
impeachment.
1. Com o PT
votando pela admissibilidade do julgamento, seu gesto caracterizou retaliação e
juridicamente abuso de poder.
2. Foi no dia em
que foi votado a mudança da meta fiscal, regularizando definitivamente todas as
pedaladas fiscais.
3. Foi na mesma
semana em que Cunha foi acusado de receber dinheiro do BTG para modificar
projetos de lei, comprovando a impossibilidade de ele continuar presidindo a
casa.
A aprovação das mudanças fiscais ocorreu depois do
encaminhamento da proposta de impeachment, comprovando que, aos poucos,
inequivocamente o governo começa a reconstruir sua base no Congresso.
O ano termina agora. Há uma boa probabilidade da aprovação
da CPMF no primeiro trimestre de 2016, graças a um pacto entre governadores e
prefeitos.
É possível que o gesto de Cunha tenha finalmente supurado a
infecção que conturbava o ambiente político, com a presidência da Câmara
entregue ao mais suspeito dos seus membros.
Espera-se que, agora, haja alguma dispersão desse exército
das trevas que saiu das profundezas para ser liderado por Eduardo Cunha.
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