sábado, 5 de dezembro de 2015

O GOVERNO CHICO PINTO

Feira ontem, 1963

Na mais aguerrida disputa municipal, Pinto foi eleito prefeito em 1962, devolvendo ao PSD o poder que estava sob o comando da UDN há oito anos, sem contar o tempo do prefeito Aguinaldo Boaventura que eleito em 1947 pelos pessedistas, logo se alinhou aos udenistas. Nas peças da memorável campanha, enquanto o adversário João Durval aparecia nos cartazes ladeado pelos “caciques” João Marinho Falcão e Arnold Silva, Pinto se apresentava entre um operário e um lavrador. Eleito para o quatriênio 1963/66, governou apenas um ano e 29 dias, pois empossado em 7 de abril de 1963 foi  deposto em 8 de maio de 1964. Na seqüência algumas marcas de um curto governo.

As secretarias
Antes de Pinto, todas as questões da municipalidade eram resolvidas pelo prefeito e alguns auxiliares, como o secretário particular. Ao assumir, com o apoio da câmara deu a prefeitura nova estrutura organizacional e com ela as secretarias municipais com seus departamentos, setores e seções. Foram seis as secretarias - Viação e Obras Públicas, Finanças, Saúde Pública e Assistência Social, Educação e Cultura,  Agricultura Indústria e Comércio e mais o Gabinete do Prefeito..

Os secretários
A nova organização administrativa levou para o executivo municipal figuras ilustres da vida da cidade. A pasta de Saúde conheceu dois secretários, os médicos  Milton Marinho e Jackson do Amaury, este último na época também vereador. Nas demais secretarias o dentista Colbert Martins também vereador (Viação), o empresário João Torres Dantas Filho (Finanças) o agrônomo Valdemar Matos (Agricultura), o bancário Marcone Dias, recrutado do BNB para chefiar a Educação e mais o advogado Roque Aras, Chefe de Gabinete.

Os oficiais
Além do secretariado que ao longo do tempo e pela atração que despertava passou a ser conhecido como “primeiro escalão”, Pinto criou em cada secretaria a função denominada  Oficial de Gabinete, ocupada por estudantes, a maioria gremistas, que  mais tarde, como imaginava o líder, entrariam na atividade política, inclusive  exercendo mandatos eletivos. Lá estavam, nomeados para o cargo os estudantes Celso Daltro, Antonio Carlos Coelho, Celso Pereira, Marcone Leão, Nilton Belas Vieira e outros.

As pavimentações
Até então as obras de calçamento se limitavam as ruas do centro e aquelas mais próximas, mesmo quando seu antecessor Arnold Silva inovou implantando na cidade também a pavimentação asfáltica. Coube ao prefeito Francisco Pinto, através da Secretaria de Viação e Obras Públicas, dirigida pelo vereador Colbert Martins, levar calçamento para bairros e subúrbios mais distantes.

Os exemplos
O então subúrbio do Sobradinho ficou mais perto do centro graças ao calçamento feito em toda a extensão das ruas Voluntários da Pátria (após o Nagé) e Arivaldo Carvalho. O calçamento da Rua Intendente Abdon, partindo do Cruzeirinho até a Caeira para chegar a Rua Aloísio Resende e finalmente ao centro, fez de Pinto um ídolo dos moradores da tradicional Queimadinha. Por outro lado, dona Pombinha e demais moradores da Galiléia fizeram festa quando o caminhão da Prefeitura derramou paralelepípedos nas ruas General Guedes e Cosme de Farias.

A limpeza
A cidade parou para ver e aplaudir os modernos caminhões, devidamente equipados, dotados de cobertura, adquiridos para a Limpeza Pública, substituindo o velho caminhão aberto e as carroças que faziam a coleta do lixo na cidade e na zona rural. Completando a exposição na porta da Prefeitura, o carro mortuário lotado na seção denominada “Administração de Cemitérios” e a ambulância para servir a Secretaria de Saúde Pública e Assistência Social.
A educação
Além de ampliar as “escolas isoladas” da zona rural, vários prédios foram edificados na sede, sendo exemplo ainda vivo a Escola Eduardo Motta, no bairro Serraria Brasil, hoje sob o comando do Estado, construída e inaugurada por Chico Pinto.  Ainda na Secretaria de Educação e Cultua, Pinto criou o “fundo de cultura” que instituiu prêmios como forma de estimular a cultura popular.

O ginásio
Diferente do que se tenta passar, Pinto implantou e colocou em funcionamento o Ginásio Municipal. Antes de Pinto, o jovem feirense ao concluir o antigo primário tinha apenas duas opções para prosseguir os estudos. O Ginásio Estadual da rede publica e o Ginásio Santanópolis, da rede particular. O Ginásio Municipal foi instalado em 1963 e lá estava este cronista matriculado na segunda série, depois de fazer a primeira em 1962, no Santanópolis.

As instalações
Para fazer funcionar o ginásio, Pinto colocou os órgãos da secretaria e algumas salas de aula no atual Museu Contemporâneo (foto 3), nas dependências do antigo Albergue Noturno (num desses espaços funciona hoje a sede do Fluminense) e mais duas salas construídas na área onde existia a Balança Municipal, todo esse conjunto ao lado da biblioteca construída  pelo seu antecessor Arnold Silva. As primeiras medidas para o atual prédio (Rua Álvaro Simões) foram adotadas por Pinto na Secretaria de Educação do Estado (foto 2), que deposto coube ao sucessor dar prosseguimento a obra.  

Os terrenos
Foram muitos os terrenos doados na administração do prefeito Francisco Pinto, para a edificação de grandes obras estaduais em Feira de Santana. Entre elas o inicialmente Ginásio Industrial – depois Colégio Estadual e o Fórum Filinto Bastos, que mereceu inclusive a visita do Mal. Castelo Branco, primeiro presidente pós Golpe Militar de Março de 1964, o mesmo que arrancou Pinto do poder.

A conclusão
Impossível enumerar todas  as marcas do governo Chico Pinto, mesmo tendo durado pouco mais de um ano. Mas vale lembrar que foi no seu tempo, há 52 anos, que o feirense conheceu pela primeira vez a “Farmácia Popular”, hoje exaltada pelo país afora. Da mesma forma como foi no seu tempo que na cidade se edificou
a “Cesta do Povo”, batizada como “Central de Abastecimento”, na esquina das ruas Castro Alves e Senador Quintino, no imóvel onde hoje funciona a sede da AFAS. (Adilson Simas)

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