Duas coisas parecem evidentes, com o recrudescimento das
prisões da Operação Lava-Jato.
A primeira, é que – como se disse ontem – foi necessário dar
manivela ao fole de uma investigação que, agora, deveria estar concentrada em
tudo o que se apurou e nas responsabilidades de quem esteve envolvido.
A segunda é que o “inchaço” do PT, provocado pela chegada ao
poder de Lula – como toda enchente, aliás – trouxe para ele uma maré de
detritos neoliberais como os cidadãos presos hoje.
Para não parecer escrito sob encomenda depois dos fatos,
traço a imagem de Delcídio Amaral –
inimigo da Petrobras desde sempre, quando se filiou ao PSDB para ocupar um
cargo de direção na empresa – e ajudado por escritos alheios, já de algum
tempo.
“(…) “Uma coisa o Delcídio tem de entender: O PT deu tudo o
que ele tem na política, que é o mandato de senador”, comentou o deputado
federal Vander Loubet. O PT foi buscá-lo para os seus quadros depois de ele
encontrar as portas fechadas no PFL, no PMDB e PSDB. E quando tentou sair do PT
para concorrer ao Governo do Estado nas eleições de 2006 pelo PSDB, Delcídio
foi vetado pela senadora Marisa Serrano, a maior estrela do partido em Mato
Grosso do Sul. Rejeitado pelos grandes partidos, o único que escancarou as
portas para a sua entrada foi o PT. Delcídio, na época imaginava estar filiado
ao PSDB e depois descobriu que a sua ficha não tinha sido encaminhada à Justiça
Eleitoral.
Na dura disputa eleitoral com grandes lideranças políticas
do Estado, Delcídio saiu da lanterninha com apoio da militância do PT e de
amigos para conquistar o Senado, derrotando surpreendentemente o mito da
política estadual, ex-governador Pedro Pedrossian. “Hoje, Delcídio despreza a
militância e jogou todos os amigos para fora”, comentou um petista, que
preferiu o anonimato para não atrapalhar o esforço de mais uma tentativa de
reaproximação do senador com o ex-governador José Orcírio dos Santos. (Correio
do Estado, MS, 25/1/2011)
Sobre André Esteves, não é preciso ir tão longe. A coluna deMonica Bergamo de 2 de abril de 2014 mostra a quem ele apoiava e promovia:
Aécio Neves.
A história rocambolesca de negociação de dinheiro e fuga que
teriam mantido com o ex-diretor Nestor Cerveró mostra o espetáculo de intrigas,
chantagens e baixeza em que acusados e acusadores estão metidos na Lava-Jato.
Delcídio, sobretudo, foi uma figura que o PT absorveu e
integrou e, agora, paga por ele.
É um dos preços da política, o que vem com a maré montante e
o que se vai com a vazante. Neste caso, diretamente pelo ralo.
O Dr. Sérgio Moro, sem querer, vai ajudando a tirar do PT a
“tucanidade” que se entranhou nele.
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