domingo, 26 de julho de 2015

A FESTA DA PADROEIRA DA FEIRA DE SANTANA

O fim do profano

Nos primórdios era realizada em julho, por ser o dia 26 consagrado a Senhora Santana. Mas as chuvas do mês e a não interrupção das aulas no meio do ano, não permitindo maior afluência de público, determinaram sua mudança para o mês de janeiro. Antes de trocar julho por janeiro a festa fez estágio no mês de setembro entre os anos 80 e 90 do século XIX. Assim somente no começo do século XX ela passou para o mês de janeiro, excetuado as de 1914 e 1919, realizadas em fevereiro.

Da capela dos Olhos D’Água a festa passou para a capelinha do Padre Antonio Tavares, o sacerdote que confessou Lucas. E no mesmo local da capelinha, onde hoje se ergue a Catedral, Padre Ovídio de São Boaventura iniciou a construção da Igreja da Matriz concluída por Monsenhor Tertuliano Carneiro e que outros foram ampliando.

Desde que surgiu, a Festa de Santana dividia-se em duas partes: a religiosa e a profana. Além dos bandos anunciadores com jovens mascarados montados em seus cavalos percorrendo as ruas anunciando mais uma festa, da parte profana tinha também lavagem da igreja e a levagem da lenha.

A lavagem acontecia na quinta-feira que antecedia a data magna. Homens, mulheres e crianças se dirigiam para a igreja com latas, baldes e outros vasilhames e faziam a lavagem do templo. O trabalho começava pela manhã e ao final, antes do entardecer, todos percorriam as ruas com as latas na cabeça, animados por músicos locais.

A levagem, nos mesmos moldes da lavagem passou a acontecer na terça-feira, véspera da procissão. Ela teve sua origem no vai e vem das pessoas levando lenha para a enorme fogueira que era acesa em frente da igreja durante os dias da festa, quando a cidade ainda não tinha luz elétrica.

Em 1988 o bispo Dom Silvério decidiu separar os festejos litúrgicos em louvor a Santana das manifestações profanas. Para dificultar a reação de Mãe Socorro, Zeca de Yemanjá e demais defensores da parte  profana, voltou a comemorar a padroeira em julho, como acontecia em tempos idos,
Mesmo sendo chamado de “Zé Festinha”, o  prefeito José Falcão apoiou o fim da festa em volta da igreja decretada pelo bispo. Ex-seminarista, encaminhado na vida religiosa por Monsenhor Amilcar Marques, a decisão do prefeito José Falcão não surpreendeu os mais antigos. 
(O fim da parte profana foi capa da Panorama de 30 de dezembro de 1988)

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