Por Janio de Freitas
Da Folha de S. Paulo
Era esperado que os senadores se lembrassem de que todos são
iguais perante a lei. Mas o Senado aprovou o projeto da Câmara, de autoria do
peemedebista Leonardo Picciani e de Carlos Sampaio, do PSDB, que eleva a crime
hediondo o assassinato de policiais, militares e carcereiros, estejam ou não em
serviço. E agrava as penas também para quem atacar parentes de policiais até
terceiro grau.
Os parentes dos demais brasileiros, e os próprios, têm vidas
menos valiosas, podem ser apenas vítimas vulgares. Exceto, claro, a dinastia
dos Picciani, felizes produtos da política fluminense, e do explosivo Carlos
Sampaio. E Renan Calheiros, com a profundidade de percepção e ideias que se
conhece, considerou o projeto uma das "ações profundas que a segurança pública
pede".
Afora o seu período de teatro de sordidez da ditadura,
jamais houve no Congresso tantas ações parlamentares hediondas.
Entre estas há de ficar também, para a história e para
certas biografias, a redução da idade mínima de candidatos ao Senado e a
governos estaduais. Aprovada como "reforma política", no país de mais
de 200 milhões de habitantes, pelo interesse de um só, o milionário paraibano
(des)conhecido como Wilson Filho. O deputado Rodrigo Maia a incluiu no
relatrio, e os seguidores de Eduardo Cunha aprovaram a idade estapafúrdia de 29
anos.
Isso é que é maioridade penal. Devia submeter aqueles
deputados ao Código Penal, com investigação e acompanhamento dos seus
patrimônios.
Agora é ver como os senadores tratarão o interesse de Wilson
Filho. Ou como o interesse de Wilson Filho os tratará.

Nenhum comentário:
Postar um comentário