Por Osvaldo Ventura
Membro da Academia Feirense de Letras
A crise
arquitetada pelas forças conservadoras que “suicidaram” Getúlio Vargas está de
volta.
Evidência de que para o conservadorismo brasileiro o
“sacrifício” de Vargas não serviu de exemplo.
Vargas foi
defensor das riquezas nacionais e da melhoria das condições de vida dos mais
carentes. Verdadeiras heresias para a bíblia entreguista e burguesa dominante
desde sempre nas terras de Cabral. Mesmo que depois, fosse cognominado de pai
dos pobres e mãe dos ricos.
Mas a burguesia
tem uma garganta pantagruélica. Melhor seria se ele fosse somente pai e mãe dos
ricos. Não foi. Continuou contrariando interesses. Nacionais e internacionais.
A mídia, naquela
época chamada apenas de imprensa, se encarregou do resto. E escalou o
competente jornalista e ex-comunista Carlos (O Corvo) Lacerda para liquidar a
fatura.
O Corvo sofreu uma
tentativa de morte, perpetrada pela Guarda do Catete, que lhe atingiu o pé e
fulminou seu guarda-costas, o major da Aeronáutica Rubens Florentino Vaz.
Com o falso
intuito de apurar a morte do major, Lacerda e a Aeronáutica instituíram a
tristemente célebre República do Galeão, pisoteando a Constituição Federal e
estuprando o Estado Democrático de Direito.
Dezenove dias depois do atentado, Lacerda já
estava em marcha batida para tomar o Catete, quando Getúlio Vargas “virou o
jogo”, com um tiro no peito.
O projétil
disparado pelo presidente ricocheteou e atingiu em cheio o coração das forças
golpistas. E a carta deixada pelo presidente, intitulada Carta Testamento, despertou
a consciência dos filhos daquele tido e havido como pai inestimável.
O povão foi para
as ruas chorar a morte de seu “pai” e julgar os responsáveis. Ninguém foi
encontrado.
Pelo menos, o
golpe foi adiado por dez anos.
Getúlio Vargas deu
um tiro no coração. Antes, porém, a burguesia golpista transformara o tiro no
pé de Lacerda, em um tiro no seu próprio pé ao assumir o premeditado golpe.
Marx disse que “A
história acontece primeiro como tragédia, depois se repete como farsa”.
No atual momento
histórico, a mídia corporativa procura criar um clima de caos no Brasil para
justificar o golpe.
É o começo da farsa.
Encenada por figuras menores sem a verve, a ousadia e a competência do tribuno
Carlos Frederico Werneck de Lacerda.
Se na poesia “a
mão que afaga é a mesma que apedreja”, na política, em determinadas
circunstâncias, a recíproca é verdadeira.
Por isso, caso
prospere o intento golpista, será mais um tiro no pé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário