Por Fernando Brito
Num editorial que só pode ser crível para a famosa e crédula
Velhinha de Taubaté,do Luís Fernando Veríssimo,
O Globo sai hoje, outra vez, em defesa da institucionalização da
corrupção nas campanhas eleitorais.
Diz o jornal que “entorta-se a discussão, partindo de
episódios pontuais, para generalizar a questão” sobre o fato de empresas
irrigarem, a seu gosto, com milhões de reais, a campanha eleitoral de
candidatos a deputado, senador, prefeito, governador e Presidente da República.
“O problema não é a presença de empresas nas listas legais
de doações. O que se deve combater é a falta de transparência, a tibieza dos
mecanismos de controle, fiscalização e normatização, de modo a conter abusos”.
Mecanismos tíbios? A burocracia das comprovações de despesas
eleitorais dos candidatos já se tornaram calhamaços contábeis impossíveis de
examinar.
Se não houver um pilantra que faça, tirando o seu, a
intermediação de recursos para candidaturas, como é que se vai provar que a
empreiteira A ou o banco B “doou” aquilo que ganhou indevidamente em uma obra
pública ou porque empresas a eles ligadas receberam concessões?
Basta “doar legalmente” e a propina estará absolutamente
lavada, a menos que os tribunais analisem, uma a uma, as planilhas de custos de
obras federais, estaduais ou municipais?
Ou serão os ladrões apanhados na roubalheira e a imprensa
conservadora que decidirão quais serão as doações formais que são “espontâneas”
e as que são produto de sobrepreços e
contratos marotos.
Ou o critério é “o que é do PT é manchete, o que é do PSDB
não sai”, como pontificou o jornalismo da Rede Globo, estes dias?
O jornal chega a defender o “caixa-2″, que seria, embora
deletério, ” um elemento da política”.
Bloquear as doações empresariais iria trazer “o consequente incremento dos canais
subterrâneos de irrigação de candidaturas”, argumenta candidamente o texto,
como se o problema não fosse o dinheiro, mas a forma com que ele chega.
E, depois, como iria aumentar se, além do mais, isso exigirá
uma operação criminosa complexa, para dar baixa em dezenas, centenas de milhões
de reais de forma clandestina.
O editorial de O Globo só se presta para enganar os muito
trouxas, aplaudir – envergonhadamente – a chicana jurpidica do “pedido de vista”
feito por Gilmar Mendes que impede a aplicação já tomada pelo Supremo Tribunal
Federal de proibir as doações empresarias e, acima de tudo, saudar a ação de
Eduardo Cunha em colocar em votação uma reforma legal que torne inócua a
decisão judicial.
O importante, confessa O Globo , é barrar “uma ampla reforma
política, agenda oportunista do PT, que abriga a proposta de financiamento
público de campanhas como complemento da proibição a pessoas jurídicas.”
Assim, as empresas poderão continuar a exercer sua “cidadania” (só aqui no Brasil
empresa tem cidadania!) e a despejar recursos em quem quiserem, certamente em
troca apenas de um sorriso e um “muito obrigado”.
Francamente, nem a Velhinha de Taubaté.
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