Por Fernando Brito
A imprensa brasileira divide-se entre tremer como vara verde
e tentar, o quanto puder explorar ligações entre o escândalo do HSBC e o caso
Petrobras.
E é mesmo provável que, além de Pedro Barusco e executivos
da Mendes Júnior tenham movimentado fortunas por lá.
Então, porque a imprensa treme de medo?
Porque aqueles personagens são apenas uns poucos entre os
mais de seis mil brasileiros que tinham dinheiro escondido por lá.
Num banco onde, publica hoje o The Guardian inglês, se
fazia, segundo traduz a Folha:
1) rotineiramente permitia aos clientes retirarem maços de
dinheiro em espécie, frequentemente em moedas estrangeiras sem uso na Suíça;
2) comercializava serviços para que clientes milionários
evitassem impostos;
3) ajudava alguns clientes a dissimularem contas não
declaradas (caixa 2);
4) fornecia contas bancárias para criminosos internacionais,
homens de negócios corruptos e indivíduos considerados de alto risco.
E como a investigação é na Suíça e não dá para convencer os
promotores de dá a fazerem “delações premiadas” ou “vazamento seletivo”, há
seis mil nomes que vão surgir com dinheiro lá nos Alpes, que não era para
comprar chocolates ou canivetes.
É provável que se encontre entre os executivos do banco
inglês, também, gordas comissões para viabilizar os “santos negócios” litados
acima, porque, francamente, é inconcebível que fizessem isso pela mesma “tarifa
bancária” que os modestos correntistas do banco pagavam ao HSBC.
E isso, claro, não vai parar no HSBC. Afinal, sob a
protetora legislação suíça, os outros bancos faziam o mesmo, no todo ou em
parte.
E olha que não apareceram Luxemburgo, Andorra, Cayman, Ilhas
Virgens, Seychelles…
Mas mesmo estes 5.999 outras figuras, a mídia brasileira
guarda um estranho silêncio.
Como, por exemplo, o sobre a atriz global e modelo
Gisele Fraga, uma das que aparece nos
fragmentos da lista de clientes, é , ou foi, casada com o sr. Augusto Mendonça, da Toyo Setal, um dos “delatores premiados”.
Não é notícia?
Bom, para ser justo, saiu -fora dos blogs - num site do Mato
Grosso do Sul.
Gisele, apesar do marido (ou ex-marido) foi, gentilmente,
poupada de figurar na lista publicada por Fernando Rodrigues, no UOL.
Embora não seja acusada de nada, nem por este blog, há dois
fatos objetivos, antigamente matéria-prima do jornalismo: é (ou foi, na época
dos depósitos na Suíça) casada com um corruptor e corrupto do esquema
Costa-Barusco.
Os arquivos completos vão aparecer, cedo ou tarde.
Porque, como diz o homem responsável pela divulgação das
contas secretas, Herve Falciani, “há um milhão de bits de dados por vir”.
E um milhão de dados a, mais cedo, a publicar.
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