quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

BRINCANDO COM FOGO

   (*) Osvaldo Ventura

  “Criança que brinca com fogo faz xixi na cama”. Este adágio desestimula crianças de se aproximarem de qualquer matéria em combustão. É também uma metáfora. 
    Como tal, pode ser aplicado ao momento histórico que atravessa nosso país.  No qual, atualmente, existe muita gente grande brincando com fogo. 
    Sim, porque se sabe a maneira de começar um golpe, mas, não se tem a menor ideia de como ele irá terminar. 
    O processo golpista é de uma crueldade bestial. Como determinados animais selvagens, por      questão de sobrevivência, não hesita em devorar seus próprios filhos.
    O golpe de 1964 é pródigo em exemplos.  
    Até então no nascedouro, os grandes articuladores do “movimento” foram devorados pela fúria dos golpistas mais radicais. Daí para a ditadura foi um piscar d’olhos.                
    E deu no que deu. 
    A massa crítica formada pela sociedade brasileira durante os “anos de chumbo” contribuiu para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito.  
    Hoje, no entanto, parece ter sucumbido ao terrorismo da mídia corporativa. 
    Criou-se um caos midiático, um apocalipse meramente virtual. O Brasil real sumiu!...
    Ainda que as instituições dos três poderes se encontrem em pleno funcionamento. 
    Ainda que as classes produtoras não registrem qualquer colapso.
    Ainda que o sistema de transporte esteja em perfeita regularidade.  
    Ainda que a segurança pública seja precária, mas exista.
    Ainda que o ENEM esteja abarrotando de jovens as Universidades brasileiras.
    Ainda que a universalização da saúde seja a melhor de todos os países emergentes.
    Ainda que as políticas públicas tenham retirado trinta milhões de pessoas da pobreza.  
    Ainda que o sistema bancário seja um dos mais vigorosos do mundo.
    Ainda que o agronegócio esteja batendo recordes anuais de produção e produtividade.
    Ainda que a liberdade de imprensa não tenha sofrido um arranhão.
Sendo assim, todo cuidado é pouco. Na democracia pode-se pedir ditadura; mas na ditadura não se pode pedir democracia.  
 (*) Advogado, escritor 
 Membro da Academia Feirense de Letras     

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