Vale registrar o que a imprensa não divulga que o mesmo relator informou em seu depoimento que recebe propina de contratos da Petrobras desde 1997, no governo de FHC
Valmir Prascidelli
O jornalismo nacional vive um momento de baixo nível.
Notícias divulgadas sem a devida apuração e a comprovação necessária viram
"verdades" e pessoas são condenadas sem nenhuma reflexão, apuração e
antes de serem julgadas.
O mais recente exemplo envolve o atual tesoureiro do PT,
João Vaccari Neto. Denúncia feita por um delator aponta que o partido recebeu,
desde 2003, US$200 milhões em repasses supostamente irregulares. A partir daí,
sem qualquer preocupação em se apurar a verdade sobre o caso, ele já é
criminalizado como o responsável.
Mas basta uma análise um pouco mais profunda para perceber
que muita coisa está fora do lugar nessa história. De 2003 até agora, o PT já
teve 4 tesoureiros: Delúbio Soares, Pimentel, Paulo Ferreira e Vaccari, que
ocupa o cargo nos últimos 5 anos. O problema é que, antes mesmo dessa reflexão,
a desinformação já foi esparramada. É o tal do jogo político leviano, no qual
vale tudo para tentar atacar e caluniar com o PT.
Nesse mesmo jogo, também existe a omissão. Vale registrar o
que a imprensa não divulga que o mesmo relator informou em seu depoimento que
recebe propina de contratos da Petrobras desde 1997, no governo de FHC. Além
disso, nunca é dito que as empresas que fornecem à Petrobras e foram
denunciadas na Operação Lava a Jato deram dinheiro, formalmente, não só ao PT,
mas a todos grandes partidos do país.
Somente a UTC, uma das empresas envolvidas nas denúncias,
doou ao PSDB em 2010, R$750 mil. As empresas Camargo Correia, com R$200 mil;
OAS, com R$ 250 mil e Galvão Engenharia, com R$ 270 mil, dentre outras, também
deram dinheiro para a campanha de Aécio Neves em 2010. Além disso, a Andrade
Gutierrez e a Queiroz Galvão contribuíram com o PSDB Nacional, apenas para
ficar em alguns exemplos. E mais: a Mendes Junior deu R$1,480 milhões ao PSDB
de MG, enquanto a Queiroz Galvão destinou mais R$ 2 milhões.
Isso quer dizer que todas elas desviaram recursos da
Petrobras e ajudaram o PSDB? Não! Elas seguiram o modelo de financiamento de
campanha atualmente em vigor no País, com recursos privados. É isso que tem que
mudar.
A solução está na reforma política, incluindo o fim da
contribuição de pessoa jurídica às campanhas. Em outras palavras, empresas não
poderiam financiar candidatos nem partidos. O problema é que a maioria do
Congresso, por motivos óbvios, não quer mudar e parte da imprensa alimenta
isso.
É também evidente que essas notícias fazem parte de uma
disputa política contra o PT e contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff.
Não estamos aqui nos eximindo de nada. Se existiram erros, temos que
corrigi-los e buscar evitar que voltem a ocorrer. Mas está claro que a elite
brasileira, e setores da grande imprensa e os partidos de oposição querem é
impedir o PT de governar para a maioria, e ainda interromper um ciclo não só de
crescimento econômico, mas também de inserção social e principalmente de
recuperação da auto estima dos trabalhadores que produzem a riqueza do Brasil.
Ciclo de desenvolvimento nacional que nos últimos 12 anos tem transformado para
melhor o país, melhorando sobretudo a qualidade de vida dos brasileiros.
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