Por Luciano Martins Costa,
O noticiário de sexta-feira (6/2) marca a culminância da
escalada de denúncias no escândalo da Petrobras. O ponto alto é a declaração de
um dos acusadores, o ex-gerente executivo Pedro Barusco, segundo o qual o
Partido dos Trabalhadores recebeu, ao longo de dez anos, um total que pode
chegar a US$ 200 milhões de empresas que detinham os maiores contratos com a
estatal. A denúncia produz o fenômeno das manchetes trigêmeas, que já se tornou
rotina na imprensa brasileira.
Como basicamente tudo que se tem publicado até aqui tem a
mesma fonte, ou seja, confissões feitas por operadores do esquema que negociam
penas mais brandas, a verdade aparente é apenas aquela que os jornais definem
como tal. No entanto, o cruzamento das denúncias permite prever uma mudança
importante na direção do escândalo, pelo simples fato de que a pista que leva
ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, também conduz à direção do PSDB.
Entre as confissões de Barusco, cujo ponto central, na
escolha dos editores, é sua suposta relação com o tesoureiro do PT, oculta-se
uma informação crucial para colocar em novo contexto o escândalo da Petrobras:
o autor da delação premiada informa que o esquema de desvios começou em 1997, o
ano em que o monopólio da Petrobras, instituído por Getúlio Vargas em 1953, foi
revogado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. O esquema que agora
sitia a presidente Dilma Rousseff foi consolidado e institucionalizado na
empresa no ano 2000, segundo o denunciante.
O que não está dito nas reportagens é que o governo do PSDB
havia se empenhado durante anos em desmontar a estrutura de poder da Petrobras,
acusada publicamente pelo falecido ministro das Comunicações, Sérgio Motta, de
ser “o último esqueleto da República”, que precisaria ser desmontado “osso a
osso”. Ele se referia à estrutura de mando da estatal, que se mantinha fechada
em um complexo sistema corporativo virtualmente impermeável à ação do Estado.
O esquema de corrupção nasceu associado ao processo de
desmanche do corporativismo, consolidou-se com o fim do monopólio e, pelo que
revela a “Operação Lava Jato”, já dominava a empresa no ano 2000. Mas a
imprensa determinou que só é importante descobrir o que aconteceu a partir de
2003.
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