Luis Nassif
Some-se a um governo medíocre uma oposição desvairada, uma
mídia insensata, que não consegue olhar o país além dos seus próprios
interesses, e se terá desenhado o mapa da insensatez, com a destruição de
ativos brasileiros preciosos.
Em geral diz-se que a esquerda é antiempresarial e a direita
é liberal. No Brasil, a pesada herança da colonização consolidou um enorme
sentimento anti-trabalho, anti-atividade produtiva também na direita, da qual
os grupos de mídia são os principais arautos. Das novelas da Globo às seções
econômicas dos jornais, o rentismo é atividade nobre; a atividade produtiva,
uma excrescência tocada por chorões.
Só isso para explicar a inércia com que o país contempla a
destruição de ativos relevantes das empreiteiras envolvidas com a operação Lava
Jato.
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Esse sentimento obtuso de “punir” empresas – e não seus
controladores – não é de agora.
Uma empresa não é apenas seus ativos. É a inteligência que
juntou, a rede de fornecedores, o quadro de funcionários, a marca, a tecnologia
desenvolvida. Fechada, a empresa resume-se a um tanto de máquinas e prédios. É
uma perda coletiva, não apenas para seu entorno, mas para o país.
Por isso mesmo, em qualquer país com um mínimo de
racionalidade coletiva, qualquer punição a ilícitos miraria executivos e
controladores, não as empresas.
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Tome-se o caso da Lava Jato.
Uma empreiteira não prevarica. Quem prevarica são seus
executivos e controladores. Que se processem os controladores, exigindo que
vendam seus ativos – incluindo as ações da companhia – para pagar as multas e
ressarcimentos. Altere-se o controle, mas não destruam os ativos acumulados.
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As empreiteiras em questão são peças-chave para a próxima
etapa do investimento em infraestrutura. Elas possuem a tecnologia, o know-how
das Parcerias Público-Privadas, os quadros técnicos.
No entanto, estão sendo destruídas.
No Judiciário, há inúmeros casos de bloqueio da totalidade
dos recursos nas contas da empresa, confundindo o capital de giro (essencial
para fazer a empresa operar) com acumulação financeira.
A visita do MPF aos EUA
Apesar da seriedade de procuradores que engrossaram a força
tarefa que foi aos Estados Unidos, ainda não estão claros os motivos da ida.
Seria importante que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot
esclarecesse, para não dar margem a suposições conspiratórias.
O grupo foi se encontrar com o Departamento de Justiça. Qual
a razão? Se a Petrobras está sendo processada nos Estados Unidos, e seu
controlador é o governo brasileiro, admite-se a presença da AGU (Advocacia
Geral da União), não de procuradores.
A informação de que Janot foi ao Banco Mundial assinar uma
convenção contra a corrupção não bate. De acordo com advogados conhecedores da
política internacional, esse tipo de protocolo não tem relevância para exigir a
presença de um Procurador Geral.
Para esses observadores, a única explicação plausível seria
a do PGR mostrar-se como a força que combate a corrupção, e apresentar-se –
perante o governo Obama, em princípio contra qualquer disrupção da ordem
democrática – como um avalista, para o caso de um interregno na democracia
brasileira.
Excesso de visão conspiratória? Pode ser. Mas a falta de
esclarecimentos leva a essas desconfianças.
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