Por Altamiro Borges
O programa Fantástico, da TV Globo, apresentou no último
domingo (4) uma longa reportagem sobre a “máfia das próteses”. Ele revela que
alguns médicos prescrevem cirurgias desnecessárias, colocando em risco a vida
de pacientes, para ganhar comissões das empresas que comercializam os produtos
para os implantes. Eles também fraudam documentos para obter liminares
judiciais que obrigam o SUS e os planos privados de saúde a pagar por
procedimentos superfaturados. A negociata renderia até R$ 100 mil por mês aos
médicos corruptos. Segundo o Fantástico, a “máfia das próteses” movimenta cerca
de R$ 12 bilhões por ano.
O repórter Giovanni Grizotti levou três meses para produzir
a reportagem. Ele se fez passar por médico e, com uma câmera escondida, flagrou
várias destas transações criminosas. Da responsável pela contabilidade de uma
grande clínica em São Paulo, ele ouviu um relato assustador: “Aquilo ali
parecia uma quadrilha. Uma quadrilha agindo e lesando a população... Um exemplo
que eu tenho aqui: R$ 260 mil de cirurgia, R$ 80 mil pra conta do médico. Tem
uma empresa pagando R$ 590 mil de comissão para o médico no período aqui de
seis meses”. Em outros cinco Estados visitados pelo repórter, as mesmas cenas
de corrupção e de desrespeitos aos pacientes.
Cadê a indignação dos "éticos"?
O curioso em mais este escândalo é que até agora as
associações nacionais e regionais de medicina – que fizeram tanto barulho
contra o programa “Mais Médicos” do governo federal e destilaram veneno
anticomunista e racista contra os profissionais cubanos – estão em silêncio.
Nenhum discurso mais contundente ou peça publicitária nas emissoras de tevê.
Nada de protestos histéricos nas praças públicas contra a corrupção. Outro
silêncio emblemático é o de Aécio Neves, o cambaleante e derrotado
presidenciável do PSDB. Na campanha eleitoral, o senador mineiro-carioca obteve
o apoio de inúmeros médicos “indignados com os petralhas e mensaleiros”. CONTINUE LENDO
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