Por Luis Nassif
Os jornais querem arrancar do Ministro das Minas e Energia
que haverá racionamento de energia. O Ministro nega. Os reservatórios do pais
estão com 17% de nível de água. Aí o repórter pergunta: "E se baixar para
10%?" E o Ministro responde: "Então haverá racionamento".
Manchete: Ministro admite que poderá haver racionamento.
O repórter poderia avançar mais: "E se acabasse a água
em todo o país?". O Ministro responderia: "Ninguém mais conseguiria
acender a luz!".
O "se" é a jogada mais manjada e mais utilizada
pela mídia e deveria constar em todo treinamento de autoridades.
O mais famoso "se" da história moderna do
jornalismo foi o caso Boimate - perpetrado por Eurípedes Alcântara na revista
Veja. O jornalista cai em um trote de uma revista científica, falando do
cruzamento de boi com tomate na Universidade de Hambuerger pelo dr. MacDonalds.
Pauta um repórter para ouvir um cientista brasileiro:
- O que o senhor
achou desse feito?
- Impossível!
- E "se"
fosse possível?
- Seria a maior
revolução da história da genética.
Veja tirou o "se" da pergunta e publicou a
afirmação.
Aliás, dupla barriga: se fosse, de fato, a maior revolução
da história da genética, mereceria matéria de capa.
O "se" comporta tudo.
"Se" o Serra matou sua mãe, será considerado um
matricida.
"Se" o Lulinha comprou a Friboi, não faltará carne
em sua mesa.
"Se" o Aloyzio Nunes apoiar a Dilma será
considerado traidor.
Ou seja, se algum repórter fizer alguma pergunta com o
"se", recorra à 5a Emenda e diga algo como: "Não respondo sobre
hipóteses", porque vem sacanagem na certa.
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