domingo, 4 de janeiro de 2015

A FLOR DO CAMPO

A india Diacuí foi mais uma vítima da imprensa; da ganância dos poderosos que precisam ganhar dinheiro vendendo notícias escandalosas.


Aos vinte e nove dias do mês de novembro de 1952, numa das cerimônias mais concorridas do Rio de Janeiro, celebrou-se o casamento da índia Diacuí, com Ayres da Cunha, funcionário da Fundação Brasil Central, lotado na Base de Aragarças.
 Marcada para as 15h00, só as 16h20 teve início a cerimônia religiosa, com a chegada da noiva, que entrou no templo da Candelária apoiada no braço do seu padrinho, o Jornalista Assis Chateaubriand.
Ayres da Cunha já ali se encontrava no local, desde uma hora antes, bem como vários caciques da tribo Kalapalos, do Alto Xingu, e milhares de convidados e curiosos.
O primeiro casamento de um branco com uma índia ocorrido no Brasil, foi na época, questionado: havia, realmente, um forte sentimento de amor do sertanista pela índia Diacuí ou havia a pretensão de se tornar um dos herdeiros dos Kalapalos, proprietários de vastas áres de terra no Alto Xingu?
As vésperas do nascimento da sua primeira filha, Ayres da Cunha partiu para Aragarças.
Diacuí Câmara Cunha, a índia cujo casamento na Candelária, Rio de Janeiro, foi mais ruidoso que as bodas de D. Pedro II, morreu de complicações no parto, envolvida em uma série de fatos lamentáveis, colhidos pela imprensa, que constituem um mistério indevassável para o pessoal graúdo da Fundação Brasil Central.
O sentimento velado do triste casamento de Diacuí com o sertanista branco, permitiu concluir que Diacuí, cujo nome quer dizer “Flor do Campo”, morreu em conseqüência da orotodixia da FundaçãoBrasil Central. – e o que é mais estranho – do próprio Ayres da Cunha.
Diacuí estava preste a dar a luz a qualquer momento, e, não obstante esta certeza, Ayres da Cunha deixou a índia entregue à sua própria sorte, voando para Aragarças, que fica ha 600 quilômetros, mais ou menos do Posto do Kuluene.
Ayres não assistiu a morte de Diacuí, vitimada pela hemorragia pós-parto, e, quando voltou de Aragarças, seu corpo estava sepultado há dois dias.

|As informações e as imagens foram resumidas dos blogs Goiabada e Multiversos da Palavra.

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