por Breno
Altman
O que
estamos assistindo na campanha presidencial, nos últimos dias, é a consolidação
do voto, de lado a lado, a partir de interesses, realidades e valores próprios
ao lugar que pertence cada eleitor na sociedade.
Esse
movimento pode ser percebido nas ruas e é detectado pelas pesquisas eleitorais.
Os trabalhadores, as camadas médias e os setores abastados estão cristalizando
suas posições.
A
candidatura petista, antes majoritária apenas entre os que possuem renda
familiar de até dois salários mínimos e no Norte-Nordeste, já avança para ser
favorita também entre os que recebem de 1,5 mil a 3,6 mil reais, além de lograr
expressiva recuperação no Sudeste.
O candidato
tucano caminha para ficar retido nos andares superiores da pirâmide, entre os
que possuem renda acima de cinco salários mínimos. Ainda é favorito no Sul, no
Centro-Oeste e no Sudeste, mas corre o risco de terminar a peleja cercado na
porção mais meridional do país e no eixo do agronegócio.
Esta
inflexão começou há uma semana, quando o impacto dos resultados do dia 5 de
outubro perdeu contundência.
A presidente
e seu partido terminaram o primeiro turno aparentemente sitiados em sua
fortaleza, entre os pobres da cidade e do campo.
Herdando a
maior parte dos votos de Marina Silva, o postulante da direita ameaçava forjar
aliança entre os setores mais ricos e as frações melhor remuneradas dos
assalariados. Sinalizava que poderia seduzir o que certa literatura passou a
chamar de nova classe média.
Esse cenário
está sendo rompido. A campanha petista está a poucos passos de reconstruir um
bloco popular suficientemente sólido para reeleger a atual governante e reduzir
a influência hegemônica de seu adversário ao cantão da riqueza.
A conquista
de maioria entres os dois grupos de renda inferior, além de atrair parcela
expressiva no segmento entre 5 e 10 salários mínimos, concluirá a formação de
uma frente classista imbatível.
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