no site Carta Maior:
Ex-presidentes costumam dar expediente em institutos e
fundações de carpete macio,gabinetes de mogno e mesas de vidro com aço
escovado.
Telefonemas bajuladores e audiências reverenciais compõem
uma rotina colorida, fatiada de almoços elegantes e recepções requintadas.
Amenidades bocejam 24 horas por dia no seu entorno.
Bons negócios, comendas, lavanda inglesa e gravatas de seda
italiana.
Mas tem um deles que destoa do figurino de voz macia e
boutades autocentradas.
Debaixo da garoa fina desta quinta-feira, protegendo a
cabeça branca com chapéu de boiadeiro que destoa do blusão esportivo, a voz
rangendo idade, cansaço, estrada, o rosto vincado, lá está ele em Diadema, no
cinturão vermelho de São Paulo, em cima de uma carroceria, puxando a carreata
que fecha o primeiro turno da campanha de 2014.
Alguém poderia imaginar que estamos falando de FHC?
Não. Quem está ali com uma mão agarrada ao microfone e a
outra a gesticular, alternando uma e outra, a voz rouca modulando altos e
baixos de ironia e indignação, mestre na oralidade, é o único ex-presidente
capaz de fazer isso como se fosse um novato, a suar a camisa para provar que
suas ideias pertencem ao mundo através da ação.
O novato no caso é o político que alia a garra de um jovem
militante à experiência de maior líder popular do Brasil.
Duas vezes ex-presidente da República, ele dá o exemplo da
volta às origens que cobra do PT.
Levar a disputa às ruas.
Definir o campo de classe dos interesses em jogo.
Voltar às bases, ouvir, falar, engajar e aí nunca mais se
omitir.
É isso que ele tem feito com intensidade assustadora para a
idade e o susto de um câncer diagnosticado há três anos , em 29 de outubro de
2011.
Lula fará 69 anos no dia seguinte ao pleito de 5 de outubro
próximo. A contrariar o fardo dos outubros, nos últimos nove dias ele visitou
nove cidades, fez mais de 15 comícios.
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