Por Ronaldo Souza
Confesso que me chocou.
Somente 12 dias após a sua morte, escrevo sobre a tragédia
que abateu Eduardo Campos e as pessoas que estavam com ele naquele avião.
Preferi assim para não me deixar levar por deduções ou
conclusões precipitadas, ainda que desde o início algumas posturas já indicavam
o rumo que as coisas iriam tomar.
O comportamento da imprensa em absolutamente nada representa
qualquer novidade. A imprensa é isso aí; sórdida.
É inevitável o uso de uma expressão em inglês que é muito
utilizada na imprensa mundial:
“Good news is no news”.
Notícia boa não é notícia.
Isso espelha o interesse por situações como essa. A comoção
é trabalhada nos mínimos detalhes. Entretanto, não me lembro de ter visto tanta
sordidez antes.
Relembremos a morte de Ayrton Senna.
Comoção nacional.
A imprensa, no seu uniforme de gala, nos fez chorar a morte
de um ídolo nacional.
O Brasil chorou.
Mas naquele momento, apesar de eventuais abusos, não parecia
haver outro sentimento que não fosse a dor pela perda de Ayrton Senna, um ícone
nacional.
Parte da própria imprensa chorou junto com o Brasil.
Não foi assim dessa vez.
O que aqueles homens fizeram com os filhos de Eduardo Campos
foi absolutamente execrável.
Ali nada reverenciava Eduardo Campos.
Filhos não enterram o político. Filhos enterram o pai.
A dor dessa hora não pode ser substituída por camisetas e
punhos cerrados. Aquilo não era uma batalha a vencer.
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