segunda-feira, 25 de agosto de 2014

O CIRCO DOS HORRORES NO VELÓRIO DE CAMPOS

Por Ronaldo Souza

Confesso que me chocou.
Somente 12 dias após a sua morte, escrevo sobre a tragédia que abateu Eduardo Campos e as pessoas que estavam com ele naquele avião.
Preferi assim para não me deixar levar por deduções ou conclusões precipitadas, ainda que desde o início algumas posturas já indicavam o rumo que as coisas iriam tomar.
O comportamento da imprensa em absolutamente nada representa qualquer novidade. A imprensa é isso aí; sórdida.
É inevitável o uso de uma expressão em inglês que é muito utilizada na imprensa mundial:
“Good news is no news”.
Notícia boa não é notícia.
Isso espelha o interesse por situações como essa. A comoção é trabalhada nos mínimos detalhes. Entretanto, não me lembro de ter visto tanta sordidez antes.
Relembremos a morte de Ayrton Senna.
Comoção nacional.
A imprensa, no seu uniforme de gala, nos fez chorar a morte de um ídolo nacional.
O Brasil chorou.
Mas naquele momento, apesar de eventuais abusos, não parecia haver outro sentimento que não fosse a dor pela perda de Ayrton Senna, um ícone nacional.
Parte da própria imprensa chorou junto com o Brasil.
Não foi assim dessa vez.
O que aqueles homens fizeram com os filhos de Eduardo Campos foi absolutamente execrável.
Ali nada reverenciava Eduardo Campos.
Filhos não enterram o político. Filhos enterram o pai.
A dor dessa hora não pode ser substituída por camisetas e punhos cerrados. Aquilo não era uma batalha a vencer.

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