Eliana Rezende
O tema é interessante
e talvez por isso esteja na terceira pessoa.
Em maior ou menor grau estamos atropelados e invadidos
pelos meios de comunicação. Diferente do
que ocorreu com o telefone fixo quando de seu surgimento, havia um "manual
de uso e recomendações" sobre horários e situações.
O ilustrador americano J. J. Sedelmaier, que tem uma coleção
das mais belas peças criadas pelo designer industrial Henry Dreyfuss, durante o
longo reinado da Western Electric, Bell Telephone Company e AT&T, divulgou
recentemente uma pequena preciosidade.
Trata-se do Manual confeccionado em 1950 pela Bell que
ensinava o bê-a-bá a quem se iniciava no uso do telefone em casa. Uma delícia
de lembrança de tempos idos. Confira:
O ritual de receber ou fazer uma ligação merecia horário e
até uma mesinha de canto especial para o digno aparelho. A ligação era sempre
recebida sentado e confortavelmente acomodado em uma cadeira ou poltrona. Nada
merecia a interrupção da mesma, exceto por problemas de comunicação. Era usual
o recolhimento de uma sala e uma porta fechada.
Tinha-se cuidado em não ligar em horários como almoço, jantar e nunca
ligávamos após determinado horário.
Creio que não seja o caso de falar de um saudosismo sem
sentido.
Talvez devamos pensar o quanto nossos hábitos foram
transformados com uso de celulares.
Se tomarmos o exemplo do manual aqui apresentado, notamos o
quanto nos afastamos do sentido de uso para alguns fins. Os telefones celulares
invadem espaços públicos e muitas vezes nos "invadem" tornando
pública a vivência e intimidade alheia.
A pergunta que fica é: será que com a aposentadoria do
telefone com fio, todo o conjunto de boas maneiras também foi aposentado?
Óbvio que não estou aqui a divagar sobre um saudosismo sem
sentido. Mas vamos lá:
a vida mudou, o celular tem mais importância que seres amáveis , que sempre estão a seu lado
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