Por Fernando Brito
Blog TIJOLAÇO
Nesta vergonhosa história
do “cambismo oficial” dos ingressos de cortesia da Fifa está uma boa
lição para a sabujice da mídia brasileira.
Então era aqui a “corrupção desenfreada” nas obras da Copa, enquanto, nas barbas da
mídia, corria solto, há quatro Copas, um esquema fraudulento de comercialização
da montanha de ingressos distribuídos pela Fifa a seus dirigentes, amigos, a
empresários e – como se vê agora - para cambistas ganharem – e é claro que não sozinhos –
centenas de milhares- talvez milhões – de dólares?
Imaginem se é do filho de um ministro brasileiro o ingresso
encontrado nas mãos de um cambista?
Imaginem se é o governo brasileiro quem se recusa a
colaborar com a investigação policial fornecendo a lista das pessoas que
trabalham na organização da Copa e de seus telefones funcionais, para saber
quem é que ficava em contato permanente com o franco-argelino Lamine Fofana,
gerente e relações-públicas do tráfico de entradas para os jogos.
E, se fazem isso com uma “xepa” feito mercadejar ingressos
de cortesia, imaginem o que se faz com a venda de direitos de transmissão pela
TV, de patrocínio, nos contratos de serviços e outras atividades
exponencialmente mais rentáveis?
Mas não era a Fifa o padrão de eficiência e qualidade na
organização da Copa, enquanto nós- com
nossas licitações, Ministério Público, fiscais do Trabalho, exigências disso e
daquilo – éramos o sinônimo da ineficiência, da roubalheira, dos atrasos que,
segundo o impoluto Jerôme Valcke, mereceríamos o famoso “chute no traseiro”
para “tomarmos jeito”.?
A imprensa brasileira – que está careca de saber dos
esquemas sombrios que a envolvem a Fifa – e que, por isso, deveria estar mais do que ciente do cuidado e
da prudência de nosso Governo ao tratar com ela – foi quem endeusou a entidade
ao ponto de criar, no imaginário popular, o “padrão Fifa” como sinônimo de
perfeição.
Eles eram o máximo e os dirigentes públicos brasileiros
pouco mais que bocós e bandidos, não é?
Nem na organização o tal Padrão Fifa foi mais que pífio:
fizeram uma festa com um Brasil de matéria plástica, detonaram o som do
Beira-Rio, levaram olé de torcedores que invadiram estádios e olhem lá se, no
caso de um Brasil e Argentina na final, devemos “largar” na mão deles a
segurança – mesmo interna – do Maracanã…
O episódio é, talvez, o mais emblemático do “viralatismo”
mental de nossa imprensa, que levou um “banho de bola” de um simples delegado
de bairro que trouxe à tona o esquema “fifal” de desvio e comercialização
criminosa de ingressos, mais preocupada investigar o “escândalo” de R$ 8 de um
ministro imprudente que pagou uma tapioca com o cartão de crédito funcional.
O que tem de ser dito – e vão fugir até o inferno antes de
dizê-lo – é que a Copa do Mundo no Brasil tem dois responsáveis pelo sucesso
com que se deu: o povo brasileiro, que saber receber, ser amistoso, alegre e
fraterno com todos os que vieram ao nosso país e, sim, o Governo brasileiro,
que organizou tudo com imensa dedicação e capacidade, frustrando todas as
previsões sombrias que se fez sobre o evento.
E que não entrou – e isso era fácil – no “Padrão Fifa” de
maracutaias que, há muito tempo, domina a cúpula da cartolagem mundial do
futebol, com a participação de figuras pátrias de péssima fama e “ótimos
amigos” por aqui.
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