O estilo José Serra é suficientemente conhecido do mundo
político. Além do uso indiscriminado de dossiês, há um estilo nos balões de
ensaio plantados na mídia, inconfundível como uma impressão digital.
Consiste em conversar com jornalistas aliados - ou jornais -
e plantar uma notícia de seu interesse, mas a própria notícia retratando-o
desinteressado no tema, como se não tivesse nada a ver com o balão.
É o que acontece nesses dias, com sucessivos balões de
ensaio sobre sua candidatura a vice-presidente na chapa de Aécio Neves.
As notas são atribuídas a fontes genéricas do PSDB. Não
aparece nenhuma fonte em on confirmando o suposto interesse do partido em sua
candidatura. Mas as notas chegam ao requinte de levantar argumentos para
supostamente convencer Serra a aceitar o fardo. A alternativa seria um mandato
de deputado para um final de carreira obscuro. Então, porque não aceitar?
Simplesmente porque o convite não lhe foi feito por quem de
direito - Aécio Neves e a executiva do PSDB - nem jamais o será. Simples assim.
Eleito presidente da República, a primeira atitude de
Fernando Henrique Cardoso - conforme ele próprio admitiu - foi manter Serra
fora do Palácio e do centro de poder, por saber de seu poder desagregador e de
sua fábrica de dossiês que não poupava nem aliados.
Vítima de ataques de Serra, através da imprensa, e
conhecedor profundo de seu estilo, Aécio jamais aceitaria dormir com o inimigo
debaixo da mesma chapa.
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