Luis Nassif
É inacreditável o nível de autossuficiência atingido pelos
grupos de mídia, na fase mais crítica da sua história.
Meses e meses batendo nos gastos da Copa, ajudando a criar
essa barafunda informacional, de misturar investimentos em estádios com gastos
orçamentários, criticando os "elefantes brancos", anotando cada
detalhe incompleto de obras que ainda não estavam prontas, ignorando o enorme
investimento na imagem do país.
De repente, como num passe de mágica, fazem uma pausa e, em
conjunto, passam a enxergar as virtudes da Copa - maior evento publicitário do
ano para eles.
O Estadão solta enorme matéria sobre "a Copa das
Copas", lembra o óbvio - vai ser o evento de maior visibilidade para o
Brasil, em sua história. 14 mil jornalistas levando a imagem do país para todos
os cantos, o maior público de televisão para um evento.
A Folha dá o óbvio incompleto: a informação de que os gastos
com a Copa representam um naco dos gastos com educação. Não ousou explicar que
são recursos dierentes, que financiamentos não podem ser confundidos com gastos
orçamentários, que gastos com obras são permanentes. Mas vá lá!
O que é impressionante é supor que se pode brincar dessa
maneira com a opinião de seus leitores, levá-las para onde quiser, ao sabor da
manchete do momento, da estratégia de ocasião. Será que não há uma cabeça
estratégica para explicar que essa desconsideração para com o leitor é veneno
na veia da credibilidade?
Dia desses o Ministro Aldo Rabello ao que parece assimilou
as críticas contra sua ausência dos debates da Copa e deu uma boa entrevista a
TV Brasil, com números e argumentos sólidos.
A explicação para a anomia do governo com o tema foi
chocante. O marqueteiro do Palácio desaconselhou qualquer campanha de
esclarecimento porque, segundo ele, as pessoas não estavam associando Copa com
governo e a campanha poderia estabelecer essa associação.
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