quinta-feira, 17 de abril de 2014

LÊNIN, AÉCIO E A COERÊNCIA HISTÓRICA

A política, como se sabe, não é o reino da linha reta. Lênin restaurou o capitalismo na Rússia em 1921; não perdeu a coerência revolucionária. Aécio Neves pede uma CPI em defesa da Petrobras; em 2013 lançou uma agenda eleitoral de oito mil palavras, sem destinar uma ao pré-sal. Nem explicitar o destino dessa riqueza num governo que se propõe a ser a réplica de FHC em Brasília.

Por Saul Quadro
A desabalada defesa da Petrobrás --motivada pelo prejuízo que a operação Pasadena trouxe à estatal-- revelou um zelo pelo interesse nacional que o país desconhecia.
A síntese arrematada da novidade  é o empenho do presidenciável Aécio Neves em  encaixar uma CPI sobre o tema no calendário eleitoral de 2014.
A política, como se sabe, não é o reino da linha reta. Política é economia concentrada, contém o conjunto das contradições da sociedade. Seguir uma  reta num pântano é missão para santidades, não para pecadores.
Aécio ou Lênin  não podem  ser julgado por atos isolados.
Para que não se firme, porém,  a impressão de que a política é o inferno da hipocrisia convém dar  aos eventos a ponderação da coerência histórica, cotejada  pela correlação de forças determinante em cada época.
Tomados esses cuidados, o ambiente político  adicionalmente turvado pelas disputas eleitorais deixa de passar a falsa impressão de que todos os gatos são pardos.
Quando se afunila  a visão, ao contrário,  estamos a um passo do moralismo.
Não importa que  ele venha entrecortado de bem intencionados  sustenidos radicais.
O moralismo traz  no DNA a prostração  política encarnada nas legendas redentoras do ‘tudo ou nada’.

O ‘nada’ muito frequentemente tem saído vitorioso nessa prática de dar a história o tratamento de uma roleta de cassino. MAIS

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