A política, como se sabe, não é o reino da linha reta. Lênin
restaurou o capitalismo na Rússia em 1921; não perdeu a coerência
revolucionária. Aécio Neves pede uma CPI em defesa da Petrobras; em 2013 lançou
uma agenda eleitoral de oito mil palavras, sem destinar uma ao pré-sal. Nem
explicitar o destino dessa riqueza num governo que se propõe a ser a réplica de
FHC em Brasília.
Por Saul Quadro
A desabalada defesa da Petrobrás --motivada pelo prejuízo
que a operação Pasadena trouxe à estatal-- revelou um zelo pelo interesse nacional
que o país desconhecia.
A síntese arrematada da novidade é o empenho do presidenciável Aécio Neves
em encaixar uma CPI sobre o tema no
calendário eleitoral de 2014.
A política, como se sabe, não é o reino da linha reta.
Política é economia concentrada, contém o conjunto das contradições da
sociedade. Seguir uma reta num pântano é
missão para santidades, não para pecadores.
Aécio ou Lênin não
podem ser julgado por atos isolados.
Para que não se firme, porém, a impressão de que a política é o inferno da
hipocrisia convém dar aos eventos a
ponderação da coerência histórica, cotejada
pela correlação de forças determinante em cada época.
Tomados esses cuidados, o ambiente político adicionalmente turvado pelas disputas
eleitorais deixa de passar a falsa impressão de que todos os gatos são pardos.
Quando se afunila a
visão, ao contrário, estamos a um passo
do moralismo.
Não importa que ele
venha entrecortado de bem intencionados
sustenidos radicais.
O moralismo traz no
DNA a prostração política encarnada nas
legendas redentoras do ‘tudo ou nada’.
O ‘nada’ muito frequentemente tem saído vitorioso nessa
prática de dar a história o tratamento de uma roleta de cassino. MAIS
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