Em oito mil e 17 palavras, a agenda eleitoral do presidenciável Aécio Neves não menciona uma única vez o trunfo que mudou o perfil geopolítico do país: pré-sal
Por Saul Leblon
Pode-se discordar – por razões ideológicas - da regulação
soberana instituída em dezembro de 2010 para a exploração do pré-sal.
Pode-se conceber, não sem razão, que a energia fóssil é uma
fonte crepuscular de abastecimento da civilização.
Da transição dessa dependência para uma matriz menos
poluente depende uma parte importante do
futuro da sociedade humana.
Pode-se associar as duas coisas e disso extrair uma visão
estratégica do passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
Mas, objetivamente, nenhuma agenda relevante de debate sobre
os desafios brasileiros pode negligenciar aquela que é a principal fronteira crível do seu
desenvolvimento nas próximas décadas.
Foi exatamente esse sugestivo lapso que cometeu um dos
candidatos a candidato do dinheiro grosso em 2014.
O pré-sal brasileiro, a maior descoberta de petróleo
registrada no planeta neste século, não cabe na agenda eleitoral de Aécio
Neves, divulgada com o alarido previsível nesta 3ª feira.
Em oito mil e 17 palavras encadeadas em um jorro espumoso do
qual se extrai ralo sumo, o presidenciável do PSDB não menciona uma única vez
–repita-se-, uma única vez-- o trunfo
que mudou o perfil geopolítico do país: o pré-sal. Não é um simples tropeço da
memória.A mais concreta possibilidade de emancipação econômica do país, não se
encaixa na concepção de futuro do conservadorismo.
Em outras palavras: a omissão fala mais do que consegue esconder.
O pré-sal, sobretudo, avulta como o fiador das linhas de
resistência do governo em trazer a crise
global para dentro do Brasil, como anseia o conservadorismo.
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