Por Fernando Brito
Caetano Veloso, um imenso poeta que só se obscurece quando
sua necessidade imensa de aparecer eclipsa seu brilho, cantou em seu “Milagres
do Povo”:
Quem é ateu e viu milagres como eu
Sabe que os deuses sem Deus
Não cessam de brotar, nem cansam de esperar
E o coração que é soberano e que é senhor
Não cabe na escravidão, não cabe no seu não
Não cabe em si de tanto sim
Nesta véspera de Natal, crer no Jesus Deus é não é o que nos
separa.
Mas, certamente, crer naquele Deus humano – e assim conferiu divindade aos
homens – é o que nos une.
Embora a ganância
tenha feito do Natal um dia onde
os shoppings são o templo e os presentes sejam uma espécie de oferenda a pedir
perdão por nossas ausências – afetivas, paternas, filiais, fraternais - este dia, ao menos este dia, deve nos procurar
igualar e encontrar.
Talvez, um dia, este país descubra que é possível que os
outros 364 dias do ano também possam ser, à sua maneira, um dia de Natal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário