Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
O conservadorismo brasileiro está em franca campanha para
que os ministros do TSE aprovem a criação da “Rede” de Marina Silva.
Com assinaturas ou sem assinaturas exigidas pela lei,
importa pouco.
Mas está difícil.
Merval Pereira, o Ruy Barbosa do casuísmo, depois de revogar
os embargos infringentes por conta própria, agora quer revogar as exigências
legais e lamenta que o tribunal esteja inclinado a “optar pela letra fria da
lei, em vez de interpretar o espírito do legislador”.
Ou seja, o respeito à lei depende do freguês.
Esse “jeitinho” já foi dado há 30 anos, quando Ivete Vargas
“registrou” o PTB sem os documentos exigidos por lei, alguns dias antes que
Leonel Brizola o tentasse fazer, este com a documentação completa.
O TSE, por artes e manhas de Golbery do Couto e Silva, a
quem era essencial que Brizola não pudesse reatar o fio da história petebista
que o Golpe de 64 quisera cortar, inspirou um “direito de protocolo” que
entregou a sigla a Ivete quando ela, afinal, conseguiu os apoios e documentos
que não tinha ao fazer o pedido de registro.
Agora, a direita faz tudo para conseguir que o Tribunal
”flexibilize” a lei e dê a Marina o partido que ela não organizou como se
exige.
Não por ela, mas porque deseja que a eleição não tome, já de
início, uma natureza plebiscitária, com Marina servindo de estuário a um voto
de classe média arisco ao tucanato.
E que, assim, não se possa decidir no primeiro turno.
Não que Marina careça de legitimidade pessoal para ser
candidata. Tem.
Mas o processo democrático é fundado em partidos e ela saiu
do PV – como antes do PT – porque quis, não entrou em outro partido porque não
quis e lançou esta tal Rede apenas em fevereiro deste ano porque assim o quis.
Como quis, arrogantemente, que as instituições e regras
legais se abrissem e deixassem passar a “princesa da floresta” ou outro título
nobiliárquico que se adeque à sua atual e pomposa condição de queridinha das
elites.
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