- Estou acostumado a tomar borduadas. Mas tenho casco de tartaruga. Essa luta nós já vencemos, disse ele, aplaudido, à audiência da
Conferência. Lula deu números sobre conquistas sociais alcançadas em seu governo, como a criação de 50 mil creches e a implantação de escolas em tempo integral. "Neste ponto, quero agradecer a Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, que nos anos 80 já apontavam a escola de tempo integral com a alternativa ao trabalho infantil".
Pelo campo da esquerda, Lula está privilegiando conceder entrevistas às mídiais sociais. A mídia tradicional só foi contemplada numa entrevista que ele concedeu à jornalista Tereza Cruvinel, sua amiga pessoal, hoje no jornal Correio Brasiliense. Antes, falara à TV CUT e, ontem, ao site Carta Maior.
"A gente não consegue resolver os desmandos de cinco séculos em uma década, mas posso dizer a vocês que, conhecendo a alma da presidente Dilma, no próximo governo o trabalho infantil estara erradicado. Isso é mais que um compromisso político, é uma profissão de fé".
Mais campanha impossível. Lula, por exemplo, contou passagens de sua infância.
- Fui vendedor de laranjas, de amendoim, engraxate e auxiliar de tituraria até encontrar, aos 15 anos, minha profissão de torneiro mecânico, lembrou. "Tive meu primeiro pedaço de pão para comer aos sete anos de idade".
O ex-presidente não poupou críticas, para explicar porque o trabalho infantil atinge mais de 80 milhões de crianças em todo o mundo, aos recursos repassados por governos de países ricos em ajuda ao setor financeiro.
- Desde 2008, o setor financeiro irresponsável já foi socorrido com US$ 10 trilhões nos países ricos. Só guerra do Iraque custou US$ 2 trilhões. É claro que com todo esse dinheiro seria possível acabar com a fome no mundo e, assim, exterminar com o trabalho infantil.
Com esse discurso emotivo e técnico, Lula encerrou o encontro sob aplausos. Ao entrar na sala, foi cercado por crianças que lhe pediram autógrafos. Jogando em dobradinha com a presidente Dilma, Lula será mesmo um osso duro de roer na campanha eleitoral de 2014. E, como continuam dizendo em vários setores da mídia, se houver alguma indecisão da presidente em concorrer, o "dublê" não pensará duas vezes em assumir o papel principal.
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