9 de outubro de 2013
A ex-senadora Marina Silva diz hoje em O Globo que não quer
“urubuzar” a candidatura de Eduardo Campos a Presidência.
Pode até não querer – duvido eu, cá com meus botões e
lembranças de 40 anos de vida política, quase – mas já o fez.
Fez, e faz, como se pode ler na entrevista que dá à Folha,
onde afirma que ela e o Governador de Pernambuco “são possibilidades” e que “se
a aliança prospera com ele, e a candidatura dele posta, a Rede terá ali o
caminho da sua viabilização”.
Marina, que aparente e provavelmente não é candidata – a
máquina partidária é de Eduardo Campos e sem ela não há candidato – faz um jogo
dúbio, com declarações pernósticas, mas tomou, objetivamente, toda a
“personalidade” – se é que havia alguma – da candidatura Campos.
O governador de Pernambuco, candidato a lìder nacional,
parece ter se tornado um coadjuvante dos planos de Marina Silva, que coerente
com seu projeto personalista e egocêntrico, passou a ser “a dona do pedaço” na
mídia e o “coronel” político da candidatura, embora seja uma “sem-terra” no
partido.
A humildade arrogante – sim, isso é possível – com que se
apresenta transpira falsidade e é difícil que hoje, isso não seja visto até por
quem acreditou nela.
A “campeã” da transparência e da sinceridade faz um jogo de
dubiedades e deixa aberta a possibilidade de substituir Campos, em lugar de
afirmar a liderança que ele, como candidato, precisa construir. Nem sequer
elenca os pontos – vai sair depois uma listinha, creia – que os une, senão em
manifestações que parecem sólidas e substanciosas como algodão doce:
Não há aqui (no embrulho com o PSB) uma incoerência com um
partido de direita que não tenha nenhuma realidade fática para esse encontro.
Obviamente que a Rede é uma atualização da política. Uma atualização que está
acontecendo no mundo inteiro e que ninguém ainda sabe quais serão as novas
estruturas e os novos processos para esse novo sujeito político que está
surgindo.
Cinco dias depois de ter aparecido como “um gênio da
polìtica” Eduardo Campos murchou como uma mosca sugada por uma aranha.
O outro neto, que fugiu da teia viajando para os Estados
Unidos, envia de lá sinais desesperados de que não aceita o “esqueceram de mim”
que a mídia lhe dá, agora.
Lá, apresenta-se como
o ”líder da oposição no Brasil” numa reunião com investidores, onde diz
tudo o que estes gostariam de ouvir e, por isso, o classificam como “mais
amigável ao ambiente de negócios”.
Mas o fato é que, como ironicamente ilustra a foto da
matéria da Folha, ninguém parece estar prestando muita atenção nele.
Não é a toa que Aécio envia estes sinais. Ele, talvez mais
do que Eduardo Campos, também sabe que o predador está no seu ninho.
Serra, tal como Marina, também não assume uma postura de
apoio inequívoco a “seu candidato”.
Seus métodos são, porém, silenciosos, embora tão
egocêntricos quanto os de Marina.
O processo político é impiedoso.
Os dois “líderes” da oposição, embora formalmente seguros em
suas posições de candidatos, vivem ameaçados.
Pior, perderam o brilho.
Um, ofuscado por Marina.
Outro, sob a sombra de José Serra.
O quadro sucessório ainda não está fechado.
A realidade tem o péssimo hábito de prevalecer.
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