Luis Nassif
Ontem, no meu Blog, tentei entender os movimentos em torno
da candidatura de Marina Silva (http://glurl.co/c7Q) a partir de três atores
importantes no jogo político: os grupos econômicos, os partidos políticos e as
escolas de pensamento.
A noiva são os grupos econômicos, cada qual com seu leque de
interesses. A mediação entre os grupos e os partidos se dá através de escolas
de pensamento ou dos chamados intelectuais oportunistas, buscando discursos
eficientes.
O discurso mais eficiente é aquele que, incorporando os
interesses dos grupos econômicos parceiros, seja vendido como uma utopia ao
eleitor.
Em países de pouca tradição programática, os partidos
políticos são o chamado cavalo de umbanda. Quando não servem mais, as escolas
procuram um novo cavalo para baixar o santo. É o caso de André Lara Rezende, um
dos pais do Real, que pulou do PSDB para Marina.
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Historicamente, o jogo da política econômica sempre operou
de forma binária. Numa ponta, a fatia nacional da economia, defensora do
ativismo do Estado e representada pelos economistas desenvolvimentistas.
Na outra, a fatia internacionalizada do país, mercado
financeiro, grandes gestores de fundos, multinacionais brasileiras. Para esses
interessa menos estado e maior liberdade do capital. Seguem a chamada escola
neoliberal.
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Lula abriu espaço para os mercadistas no Banco Central e na
Fazenda; para as chamadas forças produtivas no Ministério do Desenvolvimento e
Agricultura. E para as forças sociais no Ministério do Desenvolvimento Social e
no Bolsa Família. Só conseguiu fechar todas as pontas devido a uma conjuntura
internacional favorável.
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Nas últimas eleições, a campanha da oposição concentrou-se
em formulações um tanto folclóricas, como ameaça de comunização, farquismo,
bolivarismo etc.
Hoje em dia as críticas são mais objetivas, quanto ao
voluntarismo, pressa, intervencionismo na economia etc.
Acontece que esses temas
têm pouco impacto na opinião pública.
Mas, tendo como formulador o mesmo André Lara Rezende, há
uma confluência de grandes grupos paulistas em criar a utopia Marina.
Essa utopia consiste em substituir o sonho do
desenvolvimento pelo sonho da felicidade. O planeta não pode manter o
crescimento, sob risco de esgotar totalmente seus recursos.
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Cidadania e distribuição de renda consistem em levar energia
aos mais pobres. Marina chegou a sugerir a proibição até de novas usinas
hidrelétricas.
A simbiose André-Marina é tão evidente que, nos últimos
dias, ela se pôs a defender até o tripé inflação-rigidez fiscal-câmbio
flexível.
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