Blog Tijolaço
A Folha traz hoje uma destas reportagens que, mesmo bem intencionadas, incorre no mesmo erro de colocar policiais com preocupações humanistas e legalistas na categoria dos “personagens folclóricos”.
O Coronel Íbis Pereira, que desafina o coro da brutalidade e diz que a política precisa parar de cultuar a violência, não é uma “anormalidade” na corporação. É antes um dos “sobreviventes” de uma corrente do oficialato policial-militar que tem, há 20 anos, sido colocado à margem, discriminado e desvalorizado.
O coronel Ibis é um dos muitos jovens da periferia que encontrou, como cadete policial-militar a oportunidade de educar-se e progredir profissionalmente, quando este país lhes oferecia poucas ou nenhuma possibilidade. Seus méritos são seus e de todo um contingente de jovens que resistiu ao caminho fácil da brutalidade, que não raro se liga a negócios.
Esta corrente humana, sufocada durante a ditadura pelo comando do Exército sobre a atividade policial – e, como é natural para um exército, impondo sua visão de guerra – pôde vir à tona no Rio de Janeiro quando um de seus mais bem preparados integrantes, o coronel Carlos Magno Nazareth Cerqueira, outro dos oficiais que vieram das mesmas origens do Coronel Ibis, foi guindado ao comando da PM no Rio de Janeiro.
E como foram combatidos e caluniados! Por se recusarem a produzir cenas de barbárie como as que a PM descia os morros com pobres enfieirados numa corda, como nos tempos da escravatura retratados nas gravuras de Debret, a mídia e o conservadorismo diziam que a polícia não podia subir morro, que tratava os bandidos aos paparicos, que estava emasculada. MAIS
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