Bota o retrato do velho outra vez,
Bota no mesmo lugar.
O sorriso do velhinho
Faz a gente trabalhar
Eleito em 3 de outubro de 1962, Francisco Pinto foi empossado em 7 de abril de 1963. Prefeito, em apenas um ano de alguns dias promoveu grandes transformações: Instituiu as secretarias municipais, criou o Ginásio Municipal (minha geração estudou no GM em 1963), comprou modernos carros para a coleta de lixo, adquiriu ambulância, carro mortuário, implantou a Farmácia Popular, criou a Central de Abastecimento (o prédio ainda existe na Senador Quintino), doou terras para o Colégio Estadual e Estação Rodoviária, levou pavimentação para além do centro da cidade - Galileia, Queimadinha, Sobradinho (no longo percurso Voluntários da Pátria/Arivaldo Carvalho a partir da ladeira do Nagé), instituiu o Código Tributário.
Memória
Arrancado arbitrariamente da prefeitura por udenistas e militares em 5 de maio de 1964, Pinto retornaria a cidade na noite de quinta-feira, 27 de outubro de 1966. Uma multidão silenciosa ouviu o discurso de Eduardo Motta, no coreto da Praça da Matriz, saudando Chico Pinto:
“Assim, é que regressam os grandes heróis da Pátria, dos
campos sangrentos de batalhas, nos braços do povo, no coração do povo,
transpondo os pórticos das cidades, para serem reverenciados, para receberem os
louros da vitória e o agradecimento imperecível dos seus compatriotas...
“Qual um herói e um mártir, sofreste, de ânimo
inquebrantável, de consciência limpa e caráter altivo e forte, as agruras da
injustiça e incompreensão dos homens, da pusilanimidade de alguns, da torpeza e
vilania de maus filhos desta terra de Senhora Santana. Eles, que, para se
assenhorearem do poder que hoje desfrutam, caluniaram-te, mentiram e traíram,
legando aos seus descendentes um acervo de ações vis, que os enchem de opróbrio
e vergonha e que passarão á história desta gleba de padre Ovídio, como um marco
de vilania e perseguições a feirenses da estirpe e solidez de caráter de
Francisco Pinto...
“Detendo uma formação limpa, jamais esmorecida no percurso
da estrada cheia de sofrimento, de verdadeira via crucis, não como aquela que
percorreu Jesus, porque és mortal, a que te conduziram os teus opressores, os
inimigos cruéis desta terra...
“... quanto sofriam os teus amigos, e os martírios daquela
santa mãe, privada do filho do seu amor, extremoso e inocente, arrastado ao
cárcere; então, é de contemplá-la como a imagem do sofrimento e da dor,
lágrimas rolando de sua face augusta e melancólica, vendo-se—lhe rasgar as
fibras do coração materno os punhais da delação e da calúnia, sem respeito e
sem piedade cristã àquela figura impoluta, lembrando Maria em procura do filho
que a impiedade dos homens transformou num réu, configurado num outro calvário...
“Contemplamos emocionados esse maravilhoso espetáculo,
inédito na história de Feira, não obstante insistentes ridículos e
inexpressivos boatos, largamente espalhados pelos nossos ferrenhos adversários,
de que as forças armadas não permitiriam a tua vinda, cassada seria a palavra
dos teus amigos, espaldeirados e massacrados pela policia todos aqui
presentes...
“O povo, porém, reagiu e aqui está, coeso, delirante,
emocionado, aplaudindo entusiástica e freneticamente o nosso homenageado, numa
demonstração de eloqüente solidariedade e coragem, relegando ao desprezo os
ingratos e truculentos inimigos da terra de Senhora Santana.
“Serás conduzido ao Panteon da gloria, onde fulguram os
filhos ilustres e inesquecíveis, os grandes virtuosos vultos da terra de
Santana, esta terra que é tua, mais nossa do que deles, pois vives no coração e
na memória dos seus filhos que não se abatem e não se humilham as prepotências
e aos desmandos dos nossos adversários...
"O povo exultante, entoando hinos e
hosanas, recebe de coração aberta, te saúda te bendiz, estimado conterrâneo, Francisco José Pinto dos Santos...
Eduardo Motta e Chico Pinto, vendo à direita Celso Daltro
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