terça-feira, 9 de julho de 2013

MÉDICOS E SUAS FRONTEIRAS


Por Luciano Martins Costa
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 9/7/2013

     
Os jornais de terça-feira (9/7) trazem um teste interessante para as convicções ideológicas de muitos brasileiros, com questões que podem definir os limites da fidelidade corporativa e da solidariedade de classe, ou revelar o nível de consciência social de cada um.

O projeto que pretende obrigar os estudantes de medicina a cumprir dois anos adicionais de formação em postos do Sistema Único de Saúde põe à prova as verdadeiras intenções dos manifestantes que desfilaram de jaleco branco pelas ruas de São Paulo, há duas semanas, em protesto contra a importação de médicos estrangeiros.

Não será preciso esperar muito para avaliar o impacto da iniciativa entre os líderes das entidades corporativas, como a Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina e os centros acadêmicos das principais faculdades: os jornais já trazem, com a notícia, a repercussão junto aos representantes dos profissionais e estudantes – e a reação é predominantemente negativa. Mesmo alguns médicos que se destacaram em movimentos de resistência à ditadura militar e que exibem lustrosas biografias em favor de causas sociais se rendem aos seus interesses específicos e tratam de criticar a proposta.

Se a circunstância representa uma prova para as convicções ideológicas de quem apostou a vida em políticas progressistas, imagine-se a convulsão que deve produzir nas conservadoras redações da imprensa tradicional.
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