Paulo Cesar Bastos
A seca existe, o flagelo insiste, a indiferença persiste e a realidade é triste. Vale combater uma secular e proposital (in) cultura de que a seca no Sertão só existe na literatura. A terra está arrasada com a agropecuária estagnada e toda a economia urbano-rural sertaneja prejudicada. O tempo passa, o tempo voa, no passado, o imperador D. Pedro II prometeu doar para o Sertão a jóia da coroa, mas quando chove, acreditam que tudo vai continuar numa boa.
Evitar a seca é impossível, mas existem as técnicas para a convivência possível. A ciência, tecnologia e inovação devem ser aplicadas na produção para benefício do cidadão. Não vai ser preciso reinventar a roda, basta utilizar, na prática, as inúmeras pesquisas existentes e arquivadas nas estantes e memórias dos computadores das instituições científicas brasileiras. É inadmissível que com todo o desenvolvimento tecnológico não se encontre para o semiárido nordestino um caminho lógico.
O semiárido não é inviável. Em nossa busca pelo desenvolvimento precisamos traçar os nossos próprios caminhos para o progresso, isso, no entanto, não impede a reflexão sobre exemplos internacionais de sucesso. Texas e Califórnia possuem extensas regiões áridas produtivas e brilham na lista dos mais ricos e poderosos estados dos EUA. Vale, ainda, lembrar as exitosas experiências de Israel no trato das milenares terras áridas.
O Sertão além da chuva preciosa e da água milagrosa precisa de mais atitude e ação. O sertanejo que é, antes de tudo, um forte, precisa ser desenvolvido e próspero. Para isso, urge mudar um cenário do tempo colonial de priorizar o desenvolvimento ao longo do litoral. O Sertão não virou mar, mas é importante e fundamental para produzir o alimento para quem vive na beira do mar e no além mar.
Assim, vale compreender que a secular seca do Sertão é real, não é um cenário para obra de ficção. Desse modo, além de, também, funcionar como uma importante estratégia para evitar inflação inconseqüente e garantir um PIB crescente, é indispensável um plano permanente de prevenção e convivência com a seca, com formato inteligente, coerente e competente. Para avançar, no entanto, é preciso começar, agora e já.
*Paulo Cesar Bastos é engenheiro civil e produtor rural.
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