Que me desculpe o poeta Noel Rosa; mas, com toda reverência e respeito, neste Carnaval a Vila Isabel foi do preto velho Martinho!... Salve Martinho da Vila, isabelamente campeã de 2013!...
Por Wander Lourenço
Evoé, Martinho!..
Decerto, acadêmicos, jurados e foliões não se deram conta de que aquele enredo-roçado A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo, por assinatura de Rosa Magalhães em disfarces de patrocínio e lira, era a sua terra natal a desfilar retilínea pela avenida de modo a empolgar o coração carnavalesco do povo brasileiro, em homenagem ao malandro vascaíno de Duas Barras, interior do estado do Rio de Janeiro. E era seu aniversário de 75 anos – samba e boêmia –, em sintonia com a batuta do mestre de bateria da agremiação azul e branco da Zona Norte carioca a orquestrar a regência dos surdos, cuícas e tamborins em saudação ao partideiro de Vila Isabel – Evoé, Martinho!...
Que maravilha assistir à plateia a cantar a plenos pulmões os versos de um bamba matreiro que, certa feita, aconselhou, em dó maior dos adversários das outras escolas de samba, a desafiar os contratempos do destino ao renascer das cinzas nos festejos de Momo da Marquês de Sapucaí:
“Sambar na avenida
De azul e branco
É o nosso papel
Mostrando pro povo
Que o berço do samba
É em Vila Isabel”.
Em tom de paródia, poderia dizer que a minha única alegria é ver-te cantar, com o olhar sereno a traduzir o vozear sincopado de um exímio sambista, compositor de terreiro de umbanda em oratório de senzala.
Canta, canta, minha gente!...
Deixar a tristeza pra lá, meu nobre Poeta, que, por mais magnifica que seja a invenção de Hermes e Orfeu, na passarela do samba deságua em canto negro da Mãe África a aflorar em imagem e semelhança dos santos e orixás travestidos de roceiros, matutos e caipiras, a reverenciar um semblante de príncipe-regente do Carnaval a acenar para a imortalidade do mausoléu dos sambistas.
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