Violência na USP: o porrete tucano
Por Otto Filgueiras
Por Otto Filgueiras
O alvoroço provocado pela truculência da Polícia Militar foi tão grande que até os mortos pareciam escutar, ameaçavam voltar à vida e há quem diga que muitos já caminhavam com seus corpos apodrecidos pelo campus da Universidade de São Paulo (USP), na região oeste da capital paulista.
Numa cena imaginária e semelhante à que acontece em Incidente em Antares, magnífico livro do escritor Érico Veríssimo, clássico da literatura brasileira, os mortos chegam ao pátio das Faculdades de História e Geografia, onde uma assembleia de três mil estudantes decidiu, na noite de 8 de novembro passado, decretar greve dos alunos na universidade em protesto contra a violenta repressão policial que na madrugada daquele mesmo dia desalojou e prendeu 73 colegas que ocupavam o prédio da reitoria há uma semana.
No romance Incidente em Antares, sete personagens da ficção – a matriarca da cidade Quitéria Campolargo, o sapateiro anarquista Barcelona, o advogado Cícero Branco, o jovem pacifista João da Paz, o alcoólatra Pudim de Cachaça, o pianista Menandro Olinda e a prostituta Erotildes de Tal, que morreram no mesmo dia são impedidos de serem enterrados por causa da greve dos coveiros e vão para o centro da cidade exigir o enterro, mas enquanto isso não ocorre contam todos os podres do lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário