Superado o pior momento da crise de sangramento por cirrose alcoólica, a vida de Sócrates (que está acordado desde a noite desta quarta-feira) passa a depender de uma restauração do próprio fígado. Com o órgão funcionando razoavelmente bem, os próximos passos levarão o ex-jogador a uma decisão delicada: entrar na fila para transplante, receber doação de parente vivo ou optar pela recepção de um “órgão marginal”.
Qualquer uma das opções ”requer uma reflexão ética”, sugere o médico Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia e chefe do Departamento de Fígado da Universidade Federal da Bahia.
“Antes de entrar na lista de espera, o paciente alcoólatra precisará passar pela abstinência de seis meses e um laudo psiquiátrico deverá garantir que não haveria risco de recaída ao vício”, explica Paraná. “Mas o paciente precisa demonstrar condição clínica para ser submetido a um transplante. Se o fígado não estiver funcional, o transplante não poderá ser realizado”, avisa o médico.
A discussão ética avança para outras modalidades de transplante de fígado realizadas no Brasil. A mais controvertida parece ser a denominada “intervivos”:
O paciente não precisa entrar na fila do sistema nacional de transplantes. Um doador vivo se apresenta e se qualifica por exames médicos a doar parte de seu fígado ao receptor.
“Mas essa decisão é de exceção e exige profunda reflexão ética”, explica o hepatologista Paraná. “ Um doador vivo teria de ceder parte de seu fígado para salvar a vida de outra pessoa. No Brasil, usa-se esse tipo de transplante quando pais doam parte do órgão para seus filhos, em situação de extrema necessidade”.
Segundo Paraná, o Brasil tem poucos centros habilitados a realizar o transplante entre pessoas vivas. “Temos muito mais habilidade quando extraímos o órgão de doadores convencionais, depois de mortos”.
“Na modalidade intervivos, há um risco grande para os doadores, de 15% de complicações e 1% de mortes”, explica a especialista Luiza Romanello, que atendeu Sócrates logo após o primeiro sangramento, em junho de 2010, em Ribeirão Preto: “ um adulto vai ficar sem a metade de seu fígado e terá de passar por um processo de recuperação muito mais difícil que o do receptor. Mas também pode ser feito. Tenho duas pacientes transplantadas que estão muito bem, há cerca de 10 anos”.
Quando o tema é transplante emergencial, a outra alternativa polêmica é a recepção de fígado marginal, que, em tese, pode ajudar o paciente a ter uma sobrevida de uns cinco anos. O médico Raymundo Paraná vê algumas restrições a essa possibilidade:
“Alguns órgãos de pacientes obesos, com hepatite C costumam ser rejeitados pelas equipes de transplante”, explica Paraná. “Esses órgãos podem ser utilizados em pacientes que precisam mais e não estão na fila, mas a decisão é controversa. Teria de ser uma situação muito específica e muito delicada”, argumenta Paraná.
“Mesmo a questão da fila pode ser discutível com fígado marginal, porque é grande o número de pacientes em necessidade. Faltam fígados para os necessitados mesmo com todos os riscos envolvidos”, finalizou o médico.
Para os médicos consultados por UOL Esporte, Sócrates e outros candidatos a transplantes precisam ter fígados com boa funcionalidade para que a recepção de um novo órgão tenha sucesso.
“O paciente precisa de estabilidade, sem sangramento e com o fígado com boa funcionalidade”, comenta Paraná: “qualquer modalidade de transplante depende de análise ética dos médicos envolvidos”, recomenda.
Sócrates está internado no hospital Albert Einstein há dez dias. Na primeira internação, o ex-jogador ficou oito dias em tratamento para conter sangramento do estômago. Os médicos implantaram um tips (catéter) entre a jugular do pescoço e o fígado. Na segunda vez, a hemorragia ocorreu no esôfago mas foi controlada.
Qualquer uma das opções ”requer uma reflexão ética”, sugere o médico Raymundo Paraná, presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia e chefe do Departamento de Fígado da Universidade Federal da Bahia.
“Antes de entrar na lista de espera, o paciente alcoólatra precisará passar pela abstinência de seis meses e um laudo psiquiátrico deverá garantir que não haveria risco de recaída ao vício”, explica Paraná. “Mas o paciente precisa demonstrar condição clínica para ser submetido a um transplante. Se o fígado não estiver funcional, o transplante não poderá ser realizado”, avisa o médico.
A discussão ética avança para outras modalidades de transplante de fígado realizadas no Brasil. A mais controvertida parece ser a denominada “intervivos”:
O paciente não precisa entrar na fila do sistema nacional de transplantes. Um doador vivo se apresenta e se qualifica por exames médicos a doar parte de seu fígado ao receptor.
“Mas essa decisão é de exceção e exige profunda reflexão ética”, explica o hepatologista Paraná. “ Um doador vivo teria de ceder parte de seu fígado para salvar a vida de outra pessoa. No Brasil, usa-se esse tipo de transplante quando pais doam parte do órgão para seus filhos, em situação de extrema necessidade”.
Segundo Paraná, o Brasil tem poucos centros habilitados a realizar o transplante entre pessoas vivas. “Temos muito mais habilidade quando extraímos o órgão de doadores convencionais, depois de mortos”.
“Na modalidade intervivos, há um risco grande para os doadores, de 15% de complicações e 1% de mortes”, explica a especialista Luiza Romanello, que atendeu Sócrates logo após o primeiro sangramento, em junho de 2010, em Ribeirão Preto: “ um adulto vai ficar sem a metade de seu fígado e terá de passar por um processo de recuperação muito mais difícil que o do receptor. Mas também pode ser feito. Tenho duas pacientes transplantadas que estão muito bem, há cerca de 10 anos”.
Quando o tema é transplante emergencial, a outra alternativa polêmica é a recepção de fígado marginal, que, em tese, pode ajudar o paciente a ter uma sobrevida de uns cinco anos. O médico Raymundo Paraná vê algumas restrições a essa possibilidade:
“Alguns órgãos de pacientes obesos, com hepatite C costumam ser rejeitados pelas equipes de transplante”, explica Paraná. “Esses órgãos podem ser utilizados em pacientes que precisam mais e não estão na fila, mas a decisão é controversa. Teria de ser uma situação muito específica e muito delicada”, argumenta Paraná.
“Mesmo a questão da fila pode ser discutível com fígado marginal, porque é grande o número de pacientes em necessidade. Faltam fígados para os necessitados mesmo com todos os riscos envolvidos”, finalizou o médico.
Para os médicos consultados por UOL Esporte, Sócrates e outros candidatos a transplantes precisam ter fígados com boa funcionalidade para que a recepção de um novo órgão tenha sucesso.
“O paciente precisa de estabilidade, sem sangramento e com o fígado com boa funcionalidade”, comenta Paraná: “qualquer modalidade de transplante depende de análise ética dos médicos envolvidos”, recomenda.
Sócrates está internado no hospital Albert Einstein há dez dias. Na primeira internação, o ex-jogador ficou oito dias em tratamento para conter sangramento do estômago. Os médicos implantaram um tips (catéter) entre a jugular do pescoço e o fígado. Na segunda vez, a hemorragia ocorreu no esôfago mas foi controlada.
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